Sempre invejei mulheres que prendem os cabelos com qualquer coisa que está ao alcance. Olho boquiaberta a cada admirável ballet de canetas e lápis se enredando nos fios. Nunca fui capaz de lançar-me assim com aparente displicência e construir um penteado de Vogue. Se houvesse um curso, pagava. Hoje acordei de novos cabelos amassados. Dormi com eles úmidos. Tentei simular provisória maneira de usar-los, mas não fui capaz de achar nenhuma borrachinha que não tivesse motivos infantis nas pontas (há muito tempo não uso esse tipo de acessório). Cheguei de hippie na agência. Tranqüila, porque gosto do descaso pensado, embora nessa ocasião eu não tenha exatemente pensado, foi apenas o acaso de ter dormido tão cedo e tomado banho tão tarde. Entra a Vitória: carol, tá diferente teu cabelo. Eu: dormi com ele molhado. Ela: ah, mas eu gostei assim rebelde.
Gostou, mas, de toda a maneira, veio a caneta. Acontece volta e meia de eu ser ciceroneada pela razão cabelos. Me ponho de costas e deixo que façam comigo o que querem. Ficou bem mudeeeerno. Mas a caneta agora caiu, e eu jamais conseguirei colocá-la de volta.
postado por Carol Bensimon as 10:58 | pitacos (8) | trackBack (0)