polcas.
Ó, eu sei que tu te lembra do Homem Célebre, o conto do Machado cujo personagem era FODA na composição das polcas, mas o que ele queria era fazer uma... Ahn, o que mesmo? Não recordo. Sigamos. O essencial é dizer que o sujeito fazia uma coisa, e essa bem, mas desejava OUTRA. Pois então. É o que parece acontecer comigo. Não que eu possa dizer assim com orgulho que alguma coisa faço bem. Mas de fato o que faço - literariamente (e faço pouco, já que essa coisa de tentar ganhar dinheiro destrói qualquer possibilidade maior) - talvez esteja muito distante do que gostaria de produzir. Claro que há uma certa TEMPORALIDADE nesse discurso. Amanhã ou depois, creio, estarei pensando diferente. Fato é que ontem estava nuns devaneios de que queria construir uma obra que soasse como Guided By Voices. É uma banda indie dessas, e me refiro particularmente ao disco Under the bushes, under the stars. É, soasse como Guided by Voices, como se do meu livro fizessem filme e no filme colocasse lá pra tocar. Umas voltas dessas deu o meu pensamento, sabe-se lá porque, mas me agradava então pensar nessa névoa, nesse rúido, nessa melancolia pesada que eu queria imprimir, sensações sonoras transpostas pra palavra escrita e coisa e tal. Cheguei em casa e despejei coisa qualquer. Passeis semanas sem escrever, e daí ontem veio essa onda. Meti a casa sobre a qual queria falar e outras questãs de alguma importância. Mas a prosa é SO ME, e talvez eu não goste mais desse meu ESTILINHO. As coisas que escrevo me parecem por demais JOVENS, mas quanto a isso não me parece haver qualquer tipo de saída. Eu SOU jovem, logo, as questões, os dilemas, os pontos de vistas são jovens. E há também um toque de humor que me deixa um pouco irritada.
Talvez não seja mesmo uma questão literária, mas algo de identidade ou sei lá o que.
Então hoje de manhã Lisbon Sister ouviu meu drama, Guided By Voices, climão e etc, e disse apenas, com essa síntese que lhe é tão preciosa quanto habitual: talvez não tenha chegado tua hora de névoa.
Calei sem encontrar qualquer saída.

postado por Carol Bensimon as 17:09 | pitacos (0) | trackBack (0)

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