em cena.
Semana passada, sozinha e debaixo de chuva, me fui para o Renascença assistir uma peça do Em Cena. Apesar das advertências do amigo dizendo que Ignácio de Loyola Brandão era risco certo, movi-me pelo tema, um lance com Jorge Luis Borges. Ignácio? Esse cara aparecia na coleção Para Gostar de Ler, então já o elevei a grande coisa.
Fiquei na fila ouvindo um dixieland massa no ipod. Passou por mim Antonio Holfeldt. Entrei. Fedia profundamente a mofo. Me intoxiquei por alguns minutos, pensando o quão matafórico era aquilo: o teatro está moribundo. Bem, foram necessários apenas dez minutos do espetáculo para que de fato morresse sem cerimônia, numa representação patética de Borges e roteiro fim de ano mostra pra papai e mamãe como as crianças trabalharam bem.
(tenta de novo, vai)
Então tá.
Endstation Amerika, uma montagem alemã em cima do Um Bonde Chamado Desejo. Eu e um rapaz elegantemente vestido. Posters indies sendo distribuídos for free. Hm, cenariozinho massa, como é que trouxeram isso tudo aqui pro Brasil? E começa já cheirando a vanguardismo que vai sendo alegremente deglutido. Não sobrou em pé uma página do Tennesse Williams, creio, mas quem se importa? O público ria, eu quase sempre, ao mesmo tempo que soprava uma enorme sensação de desconforto, angústia, de estranhamento. Coisa boa ser surpreendido assim.
Entrei no táxi decepcionada com nosso atraso artístico, e levantando umas questões pessoais de destinos e locais de nascimento. Mas tava sorrindo, e tinha dentro aquela empolgação de quando me encanto. Ressucitou-se.

postado por Carol Bensimon as 15:23 | pitacos (2) | trackBack (0)

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