Um nublado constante, duas da tarde, homens de uniforme catando bitucas de cigarro do cascalho. Show da Avril Lavigne na Pedreira na véspera. Tem um laguinho massa nesse lugar e é sempre bacana ver um local em que coisas aconteceram ou vão acontecer, mas nada no momento esse no qual se olha. Uma criança sobe e brinca de artista no palco, a gente quer brincar também, mas só sobe lá e se admira com o tamanho do palco e fica falando uns adultismos controlados, enquanto meus olhos pensam que alguém pode ter deixado alguma coisa cair, como saber se esse halls quem chupou foi gente como a gente ou gente que é grande, mas que no fim é sempre pequena demais pra um palco desses?
O backstage guarda umas sombras de garrafas vazias.
Nós vamos caminhando para fora, miss lisbon e eu trocando atrasos, shows que deixamos de assistir porque descobrimos gostar tarde demais. Isso é um pouco o que acontece o tempo inteiro, meus atrasos e eu agora correndo contra, mas como superar o inevitável, a medida que existe coisa demais?
Faz-se o que cabe, e o acaso presenteia. Os sons que me encantaram em 2005: (1) Squirrel Nut Zippers, julho em Parati, Cecília Gianetti põe o cedê no bar e o swing vai me levando. Começa pra mim a era do jazz. (2) Dani F. e Sapo abrem seu apê para convidados e os presenteiam amavelmente com cedês. Dani F. recomenda que eu leve Grand Prix, do Teenage Fanclub. Aceito. Estou amarga e as primeiras ouvidas me ferem com popismos. Depois um dia eu acordo e descubro uma beleza incomparável. Nunca mais perdi. (3) Quer ir pra Curitiba? Digo sim. Anunciam The Raveonettes, vou pros peer-to-peer. Apaixonei. Tudo que eu sempre amei está ali, atualizado, noisy fifties. Lindas vozes em harmonia. Eu vi, deslumbrei, achei a Sharin Foo gracinha descendo do palco e indo falar com o público, I feel lucky que cheguei há tempo de gostar e ver.
postado por Carol Bensimon as 16:57 | pitacos (2) | trackBack (0)