Estou lendo "Se um viajante numa noite de inverno", Italo Calvino, a olhadelas. Agora que acelerei um pouco mais, porque aumentou meu interesse de leitora nesse, mas sobretudo nos outros que quero ler depois (comprei coisas interessantes na Feira). Nas primeiras cem páginas, estava chorando os meus trinta e poucos reais gastos. É muita vanguarda, e ela não estava NADA a favor da minha atenção. Para quem não se aventurou nesta noite invernosa, deixa eu explicar o funcionamento da coisa: o livro fica o tempo inteiro se referindo a VOCÊ. Sim, ele "inventou" um tal de narrador na segunda pessoa. Mas creio que isso não colabora em nada, que não seja para eu me sentir num fucking livro-jogo, da época que eu brincava de RPG. Problema inicial número dois: o protagonista, ou seja, você, compra um livro chamado Se um viajante numa noite de inverno. Começamos então a lê-lo. Depois de umas 15 páginas, o sujeito, ou melhor, você, sim, o você do livro, descobre que encadernaram junto um outro livro, e que o resto do Se um viajante não está ali. E lá começamos, você, eu, todos, a lermos essa segunda obra. Porém, ela também pára no início, por conta de algum outro contratempo. Enfim. Daqui pra frente, basta dizer que você, leitor, lerá uns doze começos de livro que não continuam. Me desculpa se a reclamação soa conservadora, mas essa estrutura de propóshta muderrrna não me agrada em nada. Pelo contrário, me frustra.
Então é isso, pura metalinguagem, que a partir da página 200 produz umas tiradas muito inteligentes sobre o processo da escrita e o processo da leitura, sobre o que é falso, o que é verdadeiro, e a trama parece engrenar. Uma pena que não tenha sido assim desde o princípio.
postado por Carol Bensimon as 14:03 | pitacos (17) | trackBack (0)