Nos últimos dias, duas notícias do Correio do Povo foram, na minha opinião, distorcidas ou mal escritas, e as duas estão relacionadas com reagir em assaltos.
A primeira é de sexta passada, página 22. "Vítima é ferida, mas reage e mata ladrão", diz o título. A segunda, de quarta, diz na capa "Padre é baleado por assaltantes, mas reage".
O que as duas tem em comum é facinho de perceber: a ordem em que os fatos são descritos leva o leitor a crer que PRIMEIRO a vítima foi ferida pelo assaltante, e então a partir dessa violência gratuita, revidou. Em nenhum dos dois casos foi isso que aconteceu, para quem se deu ao trabalho de ler as notícias. Na de sexta, por exemplo:
Um homem de 64 anos estava em seu carro(...)quando foi surpreendido por três criminosos, um deles armado. Também armada, a vítima reagiu e disparou duas vezes, atingiu(sic) um assaltante na cabeça. Um criminoso também atirou e acertou a vítima
E depois mais adiante temos o resultado de seu feito heróico:
O estado de saúde da vítima era grave até o final da noite de ontem
A do padre é ainda pior, pois ler tudo o que está na capa não basta para entender realmente o que aconteceu. É só lá na página policial (a mesma 22) que a coisa começa a se tornar mais clara, embora o início da matéria seja confusa:
A violência não poupa nem os religiosos. O Padre Erni Antonio Eckdenwald, de 44 anos, foi agredido com coronhadas e levou um tiro na perna esquerda(...)
É só na terceira coluna que a cronologia dos fatos finalmente aparece:
O padre disse que já foi várias vezes assaltado e até mesmo seqüestrado(...), mas nunca havia reagido. "Não sei porque desta vez relutei em obedecê-los", observou. Houve luta corporal com um dos bandidos, que acabou agrendido-o e baleando-o na perna
Para que as históriam fossem contadas de verdade, sem manchetes duvidosas, eu sugeriria: "Vítima reage e mata ladrão, mas é ferida" e "Padre reage à assalto e é baleado".
postado por Carol Bensimon as 13:24 | pitacos (9) | trackBack (0)