Hoje no parque me apaixonei por um garoto. Tentei dizer pra mim mesmo algo a respeito disso, mas nem mentalmente conseguia transmitir a sensação de que algo me fascinava absolutamente naquela visão do menino com a bicicleta largada na grama, sem camisa, o cabelo crespo interrompido só pelos fones de ouvido e a atenção toda voltada pra um livro. Nem me viu o menino, óbvio, e eu já pressentia o fim do momento platônico. Assim passou um tempo infinito em que eu estava tão envolvida com o garoto quanto com a trama de O som e a fúria, e num instante desses ele recolheu as suas coisas e subiu na bicicleta. Quando passou por mim, tive a certeza de que algo havia no garoto só pelo jeito que ele pedalava forte e se mexia sobre a bicicleta. Ele tinha uma certa solidão determinada e mais, parecia todos os garotos loiros dos livros e dos filmes e pelo qual todas as garotas se apaixonam, e era justamente esse aspecto genérico de uma fantasia qualquer que o deixava tão fascinante.
Talvez eu esteja precisando crescer.
postado por Carol Bensimon as 20:31 | pitacos (16) | trackBack (0)