aloprar.
Para fim de domingo, tô adequada na melancolia e ouvindo Yann Tiersen, e depois de um passeio vespertino e solitário pela Zona Sul, bateu aquele desconforto nas entranhas. Esses dias, me disseram que naquela famosa frase do Sartre, "O inferno são os outros", está implítico um princípio do existencialismo segundo o qual a gente só se enxerga e se percebe através dos outros, as pessoas são o inferno portanto por trazerem à tona nossa própria existência. Eu não saco muito de nenhuma teoria.
Mesmo assim, eu gosto de chafurdar nas análises (até que isso inclusive destrua grande parte das minhas relações, as amorosas no caso).
Sim, então eu estava pensando que a gente só existe mesmo através do contato com o outro, e isso parece fazer sentido especialmente agora. Eu sou o que aparece para o outro, e se não aparece, não sou. Daí o problema de ir perdendo amigos (morte, briga, mudança geográfica, afastamento natural) e ter cada vez menos pessoas com quem me sinto confortável e portanto posso agir do jeito que, hm, gostaria de agir, com a devida verdade e naturalidade, com cada vez menos pessoas. Ou seja, cada relação forte e brilhante que desaparece é um pedaço de mim que se vai e de repente já não sou. Com quantas eu posso aloprar ao invés de ficar dentro da armadurinha de latão? O que vai ser eu não puder mais me chamar de banana e dizer que estou vestida de amarelo em homenagem ao meu bananismo?

postado por Carol Bensimon as 21:18 | pitacos (8) | trackBack (0)

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