Tá, sou dessas que olha para trás e revive e conta pros outros (cada vez menos) e para si mesmo (cada vez mais). É a segunda vez que vou ao Rio esse ano. Tenho uma velha relação com o Rio, de férias de inverno, apartamento do vô e da vó, andar no calçadão, andar pra padaria, férias com rotina, saca? Com lugares de ter que ir, comidas de ter que comer mais uma vez, e tão segunda-casa, tão não-turismo, que eu demorei anos, mas anos mesmo, pra subir no Cristo. Bem, é a segunda vez que vou ao Rio nesse ano depois de uma seca de alguns (vô vendeu o apartamento, agora fico na tia-avó, já é casa, mas é diferente) e continuo tendo o insight a toda esquina de que pra criar laço forte a gente tem que estabelecer uma relação com o lugar ainda na infância. É assim com o Rio e é assim com Paris.
Nessa vez, foi ainda mais forte. Sensação de despedida. Eu sempre fazia isso quando pequena, me despedia dos lugares nos últimos dias, falava com a praia, falava com o shopping, falava com o restaurante, com o quarto. Depois fiquei adulta e não falei mais (nem por dentro). Só que, essa semana, de novo. Fui pro terraço, falei com a paisagem, morro, Lagoa, hipódromo, Jardim Botânico. Dei um tchau doído, porque agora vai demorar pra eu ir aparecer de novo por lá.
E São Paulo? Óbvia desvantagem estética, chega a ser constrangedor - se alguém não se importa com isso, é louco, desculpa - e até puxando pela via da memória é só tragédia: anos 80, eu com meus pais numa feira de vídeo que tinha que ir todo dia, fazer compras pra locadora e etc, e todo dia eu chorava só de imaginar que ia ver um sujeito vestido de vampiro promovendo sei lá que filme. Foi foda, foi traumático. Ah, também foi quando eu preferi comprar a máscara do Change Dragon do que uma das menininhas do bando.
postado por Carol Bensimon as 16:51 | pitacos (10) | trackBack (0)