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trem noturno.
Amanha de noite estou pegando um trem para Berlim, e a amiga ruiva finalmente vai me encontrar, depois de sofrer o que podia pra conseguir fugir do Brasil. Fiquei sabendo esses dias que estao rolando ate apostas na familia a respeito da minha opiniao sobre Berlim. Minha mae vai pelo odio, minha tia aposta que gosto. Nao fui informada de valores, mas do jeito que o drama pega no seio familiar, imagino algo como "eu corto os meus dois bracos se a Carol...".
Ontem estava olhando o guia do mochileiro e vi algumas indicacoes de SHOPPINGS CENTERS. Espero sempre o pior de uma cidade na qual shopping centers estao entre as atracoes turisticas maximas. Ja sei o que o Bruno vai dizer ("unica cidade possivel" e etc), mas argumentos que tocam a organizacao nao me convencem. Meses atras acompanhei o blog da Cecilia Gianetti em Berlim, e impressionei-me com a historia do perceptivel e assustador silencio da cidade. Vamos ver que é que da depois desse imenso pe atras.

postado por Carol Bensimon as 17:54 | pitacos (7) | trackBack (0)

persepolis.
Semana passada vi num cinema aqui em Paris uma animacao chamada Persepolis. Genial. Alternei choro e riso alucinadamente, e cada vez mais me convenco que a boa arte é aquela que sabe bem dosar essas duas coisas.Persepolis é a historia de uma garota iraniana que acompanha as transformacoes politicas do seu pais, e depois acaba imigrando para a Franca. O filme foi baseado numa historia em quadrinhos em quatro numeros, e que acabam de ser agrupados num unico por €32, e que acabo de cometer a loucura de comprar, com aquela boa sensacao de quem carrega preciosidade, os bracos protegendo amorosamente o volume pela livraria e pelo metro.

postado por Carol Bensimon as 13:44 | pitacos (4) | trackBack (0)

noticias.
Estou PAGANDO um cybercafe so pra ter um teclado em ingles e poder escrever algumas linhas num tempo aceitavel, isso pra voces terem uma ideia da doenca que eh o teclado frances, o qual o Walter e a Juliana sao os mais novos e infelizes proprietarios. Estou de volta em Paris. Acabei de voltar de Annecy, uma cidadezinha nos alpes especializada em fondue e sorvete, com canais no meio das ruas e casas do seculo XVII ou ainda antes, nas quais podemos observar portas dando direto no canal (lavar roupas) e banheiros - buracos - suspensos (cagar, creio, embora esse seja uma palavra muito feia na boca de uma menina). Ah, sim, Annecy tem um lago, que nao chega a ser um Lago Leman (o de Genebra e Lausanne) em tamanho, mas gasta-se duas horas por um passeio com o coco no sol. E, segundo varias fontes, eh o lago mais transparente da Europa. Pareceu verdade.
Em Annecy todos foram muito simpaticos. Segundo dizem tambem os engracadinhos, saindo de Paris tudo assim se parece. Acho que vou ter que ceder e concordar nem que seja um pouco, o que eu jamais diria no passado (nenhuma experiencia de grosseria): outro dia ja era tarde e sentamos em tres numa pizzaria. Dois dividiriam uma pizza, que na verdade eh pra um, mas o jeitinho brasileiro a dividiria. A garota nao ia pedir nada. Bem, diante do tarde do horario, o dono nos enxotou, dizendo, nao grosseiramente, mas tambem nao como pedindo desculpas, que nao cozinhariam so uma pizza. E assim ha outra experiencia similar, e nao vou contar pra nao perder tempo. Eh, quem esta acostumado com o servico brasileiro estranha o tratamento dos garcons parisienses. Mas talvez tenha mais a ver com uma piramide mais rigida (Brasil) do que com modos que se aprende na escola, porque quero ver brasileiro levantar pra dar lugar a velhinhas no onibus (alguem nos comentarios dira que ja viu etc etc. Eu tambem gosto de discordar). Ok, tangencio.
Ah, sim, livros: num pais que le, eh incrivel a quantidade de coisas que, como diz o Walter, sao publicadas, e por consequencia eh tambem incrivel o preco dessas coisas. Vontade de comprar TUDO. Foi por isso que trouxe uma mala extra. E queijos (nao, agora listo o impossivel de levar). E baguette pra maxilar treinado mastigar. E tudo da marca mais chinela que compramos eu e esses brasileiros chineloes, mas mesmo a marca mais barata sempre eh o-t-i-m-a, tipo chocolate amargo trufado, nao sei o que com praline e, enfim. Croissants que deixam o saquinhos com tracos de gordura. E tudo isso na beira do Sena, farofeando com vergonha da nossa falta de profissionalismo no farofear, que tem gente que leva frango assado e mais vinte opcoes de prato.
Ah, ir no Louvre foi uma merda, mas alguns passeios turisticos, que eu ainda nao tinha feito como CHOVEN, valem muito a pena. E essa coincidencia incrivel de portoalegrenses amigos ou morando aqui ou de passagem por aqui tem sido geniais. No fim tudo acaba em piada. Tudo acaba em colocar Porto Alegre dentro de Paris. Nada mais portoalegrense do que isso.

postado por Carol Bensimon as 13:56 | pitacos (14) | trackBack (0)

fui.
Foi tão corrido no Mestrado que nem deu pra curtir o pré-viagem. Vou no susto. Depois de ter passado ontem o dia fazendo um ensaio sobre feminismo, e de ainda ter sobrado um pequeno trabalho para fazer no avião e mandar até sexta, tô embarcando pra Parri, onde QUASE TODO MUNDO decidiu estar: além de rever os magníficos Walter e Juju, Vane confirmou presença pro 14 juillet e, no finalzinho da viagem, até minha amiga japa do coração diz que vai aparecer. No mais, a ruiva me encontra pelo caminho e tocamos até Berlim, Praga e Londres, e nessa última nos completará a presença do inusitado Filipón com seus planos de dominar o mundo.
Sem mais reclamações de croissant por todo um mês, com algumas reclamações de calor, com algumas surpresas esperadas que Praga deve me dar, esperando vencer a minha antipatia com o lado chermânico do mundo, farofeando na beira do Sena, dirigindo para os alpes um Fiat Panda que torço que seja amarelo, me despeço com a promessa de ir contando.

postado por Carol Bensimon as 09:04 | pitacos (8) | trackBack (0)

croissant.
O critério para avaliar um croissant é: faz farelo? Muito farelo? Se fizer, as chances de ter dado certo são altas. Em Porto Alegre, e sinto-me desolada por isso, não há nada perto de um bom croissant, e creio que o uso desse nome inclusive deveria ser abolido, tamanhas são as anomalias que surgem. Ano passado, quando voltei da França, novamente cito a palavra, DESOLADA, implorei que minha mãe tentasse fazer alguns, mas a receita revelou-se desencorajadora: há uma sucessão de passa-passa de manteiga, o que provavelmente os brasileiros não fazem, e o que provavelmente é a razão do seu fracasso no croissant.
A melhor emulação que consegui até o momento é esquentar o croissant do Zaffari no forninho elétrico. Ao que parece, há nessa ação uma certa retomada de gordura e, se eu ainda fosse publicitária, ousaria dizer também CROCÂNCIA.

postado por Carol Bensimon as 11:07 | pitacos (14) | trackBack (0)

seminário de literatura.
Teve Paul Auster com "Cidade de Vidro" na disciplina do tio Assis e a turma se indispôs com Paul Auster, de maneira geral. Na minha opinião, acho que ele faz uns truquezinhos literários gostosos, do tipo a multiplicação da identidade em uma série infinita de duplos etc e tal, até o ponto em que o protagonista é todos e ninguém. Mas me pareceu que a partir de um ponto, aquele no qual Quinn começa a dormir na rua, quebra-se um pouco a lógica. Não a lógica da realidade, pois sabemos que não estamos operando nessa. Digo mesmo é a lógica interna da narrativa. Discutiu-se sobre isso. Será que a turma não gostou do livro porque são caretas? Será que eu não gostei tanto assim porque sou careta também? O que seria muito mais grave, eu diria. ;) Então o Assis comentou que aqueles que são contemplados com o Nobel da Literatura hoje em dia são escritores que até podem apresentar uma ou outra inovação de estilo ou enfrentamento política, mas as suas histórias se mantém lógicas, as suas fábulas estão dentro de uma linha bastante tradicional.
Então fiquei pensando até que ponto os leitores andam aceitando a fragmentação do discurso e coisas afins.

postado por Carol Bensimon as 10:43 | pitacos (3) | trackBack (0)

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