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março 29, 2005

Estranha coincidência

O jornalista Osmar Freitas Jr. conseguiu ir a um jantar íntimo com Woody Allen e amigos num apartamento em Manhattan. Sem poder usar gravador, fez a entrevista para a IstoÉ. Comecei a ler e rolou um déjà-vu em algumas perguntas e respostas. Temi por uma degeneração crônica da minha memória. Será que já tinha lido essa entrevista e me esquecido? Felizmente não foi o caso. Tinha lido era outra entrevista bem parecida na SuicideGirls. Cheguei a pensar que fossem os mesmos autores, mas Osmar Freitas não tem nada a ver com Daniel Robert Epstein. Abaixo, dois trechos bastante parecidos.


1) SuicideGirls: How did you customize (Will Ferrell) it for him?

Allen: First of all, he's so physically different. He's a big silly person and everyone including me has laughed at him in these broad ridiculous comedies. The question was, could he act and be believable. It turned out; I guess because of his size, his face or whatever talent he has, he's vulnerable. There's something sweet about him so your heart goes out to him. There were things in the script, the actual dialogue, that he couldn't do. Since I'm writing the dialogue, my tendency is to write it for myself even though I knew I'd never be playing it. But I write it instinctively for myself and I had to cut some lines and dialogue out of the thing because he couldn't do it. It never sounded funny when he did it. But there were things he did do that I could never imagine when I was writing it. Before I met him, I never could have imagined it for the script or the contributions he would make sort of built in to his ridiculous persona. The way he moved, there's something in the look of his face, it's intangible, but it's silly and sweet.

IstoÉ: No Brasil as pessoas não conhecem o Will Ferrell (do programa Saturday night live e dos filmes Um duende em Nova York e Dias incríveis) do mesmo modo que os americanos. Por favor, explique como se faz algo sob medida para ele.

Allen: Bem, em primeiro lugar, ele é fisicamente diferente. É um grandalhão simplório. O jeito como ele se movimenta, sua fisionomia e expressão têm algo de intangível, de ridículo e doce. Todo mundo ri de suas comédias ridículas - inclusive eu mesmo. A grande pergunta era: mas será que ele consegue interpretar outros papéis de forma convincente? Acontece que há algo de muito doce nele que ganha seu coração. Ele é vulnerável, talvez por seu tamanho e falta de jeito, pelas suas expressões ou por algum talento inato dentro dele, sei lá... Teve algumas coisas no roteiro - alguns diálogos - que ele não conseguia fazer. Quando eu escrevo um diálogo, minha tendência é fazer algo para mim, mesmo que eu saiba que não vou ser eu quem vai dizer aquelas frases. Mas eu escrevo instintivamente para mim mesmo e tive de cortar alguns diálogos ou frases porque Will não conseguia fazê-los direito. Não era ele. Não era engraçado quando ele falava. Em outros momentos, teve coisas que ele fez que eu nunca imaginei ao escrever. Antes de encontrá-lo pessoalmente, não imaginei aquelas situações. Ele contribuiu no roteiro de tal modo que acabou construindo um personagem ridículo, engraçado, especial.

2) SuicideGirls: What is your writing process?

Allen: I still lay down on the bed with a yellow pad and write. Invariably I have to type it myself and that takes three days. I was taught to write on a typewriter and I think it would be healthier for me to do it because if you write on your typewriter, you act out the scene and you type it down and you sort of know it works. When you write on a pad, you're hearing it in your head and you don't know that it works when it becomes audible, but it goes so much faster that I've gotten into the bad habit and I've been doing it for years.

IstoÉ: Como é seu sistema de trabalho num texto? Como é que o sr. escreve?

Allen: Escrevo naqueles blocões de papel amarelo, a lápis ou à caneta. Escrevo deitado na minha cama. Acabo sempre tendo de copiar tudo à máquina depois e isso toma uns três dias. Eu provavelmente deveria escrever sempre à máquina, pois nesse caso você trabalha a cena ou ato e depois passa para o papel já sabendo como é que vai funcionar. Ao escrever à mão, você, na verdade, está ouvindo a cena em sua cabeça e não sabe se a coisa vai funcionar direito quando se tornar audível a todos. Mas escrever à mão para mim é muito mais rápido. Acabei me viciando nesse processo.

Posted by parada at março 29, 2005 10:25 AM

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