Samjaquimsatva


 

Sunga de R$ 1 milhão

Gugu Liberato terá que pagar R$ 1 milhão a Tiago Lacerda por ter leiloado em seu programa uma sunga falsa do ator. (Folha Online)





Michel Sfez

Fotógrafo extraordinário. Um dos melhores que me apresentaste, Ieda. Valeu.





Carta aberta para ninguém

Troquei a roupa de cama e coloquei o lençol branco que cheira Confort. Aquele calor todo foi embora e já é possível ficar plenamente feliz. Estava lendo debaixo das cobertas o medo e o delírio do thompson. Comecei ele esses dias e estou na metade, leitura rápida como um tiro. Apesar das drogas, a linguagem não é drogada, é precisa, sem exageros. Ele tem o controle completo do que está escrevendo em cada linha. Não esperava que fosse assim. Por isso mesmo gostando bastante. É o melhor livro dele, meus amigos disseram.

Às vezes paro no final de um parágrafo e penso no impulso de escrever. É gozado. Quando tenho vontade de escrever é só pra relembrar de alguma coisa. Daí quem sabe poder compartilhar alguma coisa a mais com alguma pessoa. Parece que às vezes acontece e sempre é legal saber disso. Mesmo sendo algo pessoal e sem nenhum grande objetivo, quando tenho o impulso de escrever, espero um tempo e ele logo some. Logo ele parece irrelevante e perda de tempo. Na verdade está começando a parecer um pouco agora.

Mas enquanto lia o medo e delírio, terminando um capítulo, levantei da cama com uma lembrança viva na cabeça. Sem querer, sem eu forçar, me veio quando esperávamos a hora de você embarcar e ir embora. Como nos divertímos alí. A criança e o goiano, hahah. Que engraçado foi. Me agradou também o fato de fingirmos que nada de ruim estava pra acontecer. E na despedida, um simples tchau, liga quando chegar, como se você fosse só pegar um ônibus e voltar pra casa.

Quando você foi, virei as costas e atravesse o aeroporto andando um pouco devagar. É meio contraditório, mas era boa a sensação de estar faltando alguma coisa alí comigo. Como a gente se acostuma rapidamente as novas situações tão rápido. Cheguei em casa e foi a mesma coisa enquanto guardava toda louça que você lavou enquanto eu dormia depois do almoço. Era ruim e bom ao mesmo tempo. Minha casa é pequena e parecia grande.

Alguns minutos já passaram desde que sentei com vontade de escrever e já estou achando irrelevante tem vindo gastar tempo aqui. Às vezes escrever é como sair para uma exploração. Onde no meio da coisa você vai fazendo novas descobertas. Este não parece ter sido o caso. Mas tudo bem. Vou desligar o som, voltar pras cobertas e continuar com a leitura.





NYC Cabbies

Jogam dominó, futebol, rezam em direção a Meca, etc. É como os taxistas de Nova Iorque matam o tempo no aeroporto enquanto esperam sua vez na fila. Numa bela galeria de fotos do New York Times. Porque café da manhã se toma vendo fotos na internet. [via Boing Boing]





Bumbum Painter

O close no bumbum da Scarlett Johansson de calcinha cor-de-rosa na abertura do Lost in Translation foi inspiração direta nos quadros de John Kacere. Um artista que pintava bumbuns de mulheres com calcinha, e que a Sofia Coppola é fã. Vi alguns de seus quadros mas nenhum é tão legal quanto a Scarlett. Que nesse cartaz está insuperável.





A realidade basta

"No, this is not a good town for psychedelic drugs. Reality itself is too twisted." (Fear and Loathing in Las Vegas, página 47)





Black eyed dog

Às vezes acontece dos cães terem uma expressão tão forte quanto a humana.





Puss in Boots

Pray for Mercy from... Puss in Boots! é o novo ensaio das Fotógrafas Super Sexies. Cibele Selbach mandou muito bem em escolher um estilo mais fotojornalístico de fazer as fotos. É uma novidade pro site e talvez uma influência para que as outras fotógrafas tentem algo parecido aqui no Brasil.





Google Maps

Estou me sentindo um fanático de video-game com o Google Maps. Ainda mais agora que encontrei esse site que reune as imagens mais interessantes feitas pelo serviço. Tem o terreno do World Trade Center, o Grand Canyon, o Aeroporto de Atlanta, Cancun, casa do Bill Gates, Havana, entre outras infinidades de lugares. Totalmente viciante.





Santidade

Nadar quinhentos metros em dez minutos. Depois fazer vinte e cinco metros mergulhando. Sair e tomar de sauna seca. Tomar ducha e quase cochilar na cadeira. Pedir uma coca-cola e ir tomar sauna a vapor. Comer uma pratada de coalhada na casa da vó. Ir na outra vó aprender a temperar carne moída pra fazer hambúrguer. Ficar com cheiro de carne crua cebola e alho o resto do dia. Sorrir e dizer oi pra crianças na rua. Ser brabo com cachorro brabo, ir pra cima deles e depois se arrepender. Fingir que vou atropelar os cães tranqüilos pra eles ficarem espertos e não morrerem atropelados. Atravessar a igreja totalmente vazia. Encontrar o padre de short, chinelo e sem camisa na calçada da paróquia. Dizer educadamente Boa tarde, padre. Trocar olhares com uma garota feia e super arrumada que atravessa a rua. Cumprimentar senhores sentados na calçada. Tomar sorvete de mamão papaia. Ler o jornal inteiro menos Economia. Nadar à noite com a piscina vazia e escura. Boiar de costas olhando o céu com as orelhas cheias d'água. Ter crise de riso lembrando dos amigos. Não conseguir ver televisão por mais de dez minutos. Almoçar asinhas de frango e macarronada com a vó. Caminhar pra casa e comer sonho de valsa de sobremesa. Cochilar no sofá. Acordar e ler o jornal. Aprender temperar comida melhor, ir na horta pegar salsinha e cebolinha. Ouvir metal muito lento e pesado: Isis. Ouvir um folk calmo e apaixonado: Songs:Ohia. Cortar o cabelo e depois ficar lendo as duas últimas Playboy. Só encontrar idosos na rua. Não conhecer pessoas que passam e dizem oi. Cortar a unha do pé e sentir cócegas. Não verificar emails. Não ficar na frente do computador. Jantar salada de begingela com a família. Deixar todos os parentes conversando na sala. Voltar pra comer e beber com eles. Tomar três taças de vinho e ficar com sono. Elogiar e ser gentil com o tio que fala besteira mas cozinha bem. Ser convidado pra tomar vinho em sua casa. Dizer sério Não gosto de criança pra criança mimada e depois ser legal com ela. Conversar sobre tipos de pimentas com a avó. Saber reconhecer cinco tipos de bordado. Arrumar o volume do aparelho de audição da avó. Abraçar meninas e ficar tonto pela quantidade de perfume doce. Passar pela sala onde elas estão e ficar tonto pela quantidade de perfume doce. Imitar o bem-te-vi e o bem-te-vi responder. Rir na cara de uma arara que me confundiu como mulher. Conversar com namoradinha. Ver os gols da rodada e não conhecer nenhum dos dois times. Arrastar a cama cinco centímetos com um chute só com o dedo médio e poder dizer Eu tenho um dedo preto. Ver tragédias no telejornal. Responder um email dizendo que respondo daqui cinco dias. Escrever caindo de sono e levemente bêbado como uma forma estranha de diversão. Estar em casa de novo.





Benedictus XVI

E o alemão Joseph Ratzinger é o novo papa, Bento XVI. Na televisão e sites, junto com a notícia estão os comentários de seu ultra-conservadorismo. Os padres que comentam a posse na Rede Vida se preocupam em dizer aos seus fiéis telespectadores que não critiquem esse papa, que o recebam com os corações abertos e rezem por ele.

É uma preocupação que mostra a distância cada vez maior da igreja com a sociedade. Distância que só tende a aumentar. Parece ser natural que o papel da igreja perca sua importância no mundo moderno. Difícil é entender de onde surgem as críticas ao conservadorismo de Ratzinger e de sua igreja. Qualquer papa que fosse eleito iria manter a posição de João Paulo II. Nenhum padre, bispo ou pastor chegará a ser a favor de questões como aborto, eutanásia ou união de homossexuais. Por que querem que eles sejam a favor disso? Não vai acontecer. Seria ir contra a própria palavra de Deus, de toda a doutrina e fundamentos do catolicismo.

A preocupação dos padres da Rede Vida mostra também que nunca foi tão difícil praticar o catolicismo. Ao mesmo tempo, é admirável que a igreja não mude seus princípios por causa da crescente perda de fiéis. Algumas religiões orientais acreditam que vale mais um praticante bom do que cem mil ruins, e por isso não perdem tempo preocupando em adquirir mais fiéis. Parece ser a posição do Vaticano. Quem escolher ser católico hoje, que siga a doutrina sem reclamar das dificuldades. Se não, é aprender a relaxar com a idéia de ir pro inferno e até lá aproveitar as felicidades desse mundo, que não são poucas.





Habemus Papam

Annuntio vobis gaudium magnum! Habemus Papam!

Em poucos minutos irão divulgar o nome do escolhido. Eu estava torcendo pro Dionigi Tettamanzi, cara de bom coração. Chato que um deadline não vai me deixar ficar vendo televisão. A Rede Vida é o melhor canal pra companhar a cobertura. Vou sair rua e ficar buzinando muito. Não mudará nada.





Bizzare Codes

Love has it's own bizarre codes. One of the benefits of it is that you get to construct your own private language. Fortunately, this language can never be shared. --Irvine Welsh





The Brown Bunny

Passei a admirar ainda mais o Vincent Gallo como cineasta agora que consegui assistir o The Brown Bunny (2003). Seu segundo longa que escreveu, dirigiu, produziu, atuou, editou, fotografou, só não gravou a trilha, como no sensacional Bufallo '66 (1998). O filme foi super mal recebido em Cannes. Não deu pra entender por quê. Brown Bunny é mais um ótimo exemplo das infinitas possibilidades do cinema explorar as emoções. E se tratando de Vincent Gallo, é um cinema de linguagem única. Nesse filme, ele se concentra em explorar um elemento que incomoda grande parte das pessoas: o silêncio.

É um filme bastante lento. Os takes são longos. Os diálogos, pouquíssimos. Quando aparecem são sussurados, extremamente baixos, quase não dá pra entender. As músicas são apenas duas. E aparentemente não tem enredo – mas tem. Quem não está aberto para uma experiência diferente vai achar entediante, sem sentido e cheio de auto-comiseração. Mas não foi pra essas pessoas que ele fez o filme. Quem não tem paciência, nem suporta permanecer em silêncio, não vai ver nada acontecer.

Dá pra perceber como Vincent Gallo é obsessivo pela perfeição técnica. Os posicionamentos da câmera são muito precisos. Com ela parada na maioria das vezes, filma longos trechos de seu furgão preto na estradas. Algumas imagens interna feitas no furgão são bastante monótonas. Mas contrastam com as externas, com ótima fotografia.

Progressivamente, o silêncio vai sendo tomado pela tristeza dura característica das atuações de Gallo. A sensação é de que o nó em sua garganta vai se apertando cada vez mais. Uma cena como ele sentado imóvel numa cama de hotel é desconcertante. Alí, numa cena longa e parada, com ele de costas, a tristesa está em seu estado mais bruto, mas sem nenhuma expansividade vulgar. Gallo deixa tudo guardadinho dentro de si. Algumas vezes não aguenta e quase cai no choro.

Chloë Sevigny está perfeita no papel. Conseguiu captar direitinho o que o diretor quis. No hotel, com o Gallo sentado na cama, ela rouba totalmente a cena. A tão repudiada cena do boquete faz todo sentido no contexto do filme. E é bastante real, pra não dizer carinhosa. O diálogo final, quase inaudível mesmo com o volume no máximo, é uma pedreira. Ouvir Vincent Gallo murmurando com sua voz infantil de choro Why do you have to drink and take drugs, I don’t understand é de partir o coração. O silêncio que se extende daí para o final do filme é desconcertante. Chega a ser quase insuportável a sua permanência quando os créditos sobem.





Terry loves Cica

Terry Richardson, famoso fotógrafo de moda e pornógrafo bizarro, já fotografou Daniela Cicarelli. Claro que não é nada parecido com seus trabalhos mais pesados, mas tem algumas coisas bastante ousadas pra moça. [via Fleshbot] Update : A galeria no site da Spezzato saiu do ar. Aqui uma galeria alternativa.





No meio termo

Paul Treacy's Portfolio. Fotojornalismo geralmente é algo sem sal. Deixar com um toque artístico é muito difícil pra não forçar a barra e assim desviar do seu papel principal. Mas esse Paul Treacy é um ótimo exemplo de equilíbrio entre fotojornalismo e foto artística. Dá pra ver suas fotos das duas formas. Como uma foto simples que ilustra uma matéria e como fotografia em si, que não precisa ter legendas nem nenhuma informação a mais.





O fotógrafo e a pobreza

O Sebastião Salgado saiu na New Yorker. Sempre que lembro dele fico levemente perturbado. Não me contenho e esqueço na seqüência. Fico tentando entender por que um cara rico e bem sucedido fica indo pra Serra Pelada, Etiópia e lugares semelhantes para tirar foto de pobre sujo ou morrendo. Tento imaginar o que o move a fazer isso e não consigo ver algo de nobre. Nem alguma compaixão nem ausência de sentimentos, como respaldam alguns fotógrafos . Fico imaginando o Sebastião Salgado arrumando as malas, reunindo todos os rolos de filmes, as baterias, beijando os filhos e a mulher e dizendo Papai está indo trabalhar volta daqui uns meses. E ele voltando pra casa, revelando os filmes, publicando nas revistas cosmopolitas e ficando rico, famoso e respeitado. Fotografar já é cruel, ainda mais nesses casos. E não acredito numa possível desculpa humanitária de que as pessoas precisam ver essas coisas para se conscientizarem. Mas também nunca li nenhuma entrevista dele.

Sebastião Salgado me remete a uma cena que vi num posto de estrada. Era um ônibus lotado de jovens que iriam atravessar o Brasil para irem ao Forum Social Mundial. Fiquei imaginando o tamanho do espírito humanista que moviam esses jovens a trocarem uma viagem pra praia pra irem dormir em barracas, ficar sem tomar banho e usando boinas enquanto discutiam soluções para o mundo globalizado. Olhando pra eles, não conseguia ver resquício algum de espírito humanista. Pareciam mais integrantes de uma banda de reggae.

Não me sinto tão ridículo falando mal do Sebastião Salgado porque ele é reconhecido como ótimo fotógrafo pelo mundo inteiro. Tem uma técnica e talento excepcional que é impossível de negar. Mas não consigo engolir suas fotos. Estou pensando em fazer um ensaio fotográfico como trabalho de finalização de curso, por empolgação de um professor que entende e gosta bastante de fotografia. Fui dar uma olhada na biblioteca da faculdade pra ver o que já tinham feito de ensaios e lembrei de novo do Salgado. Os ensaios eram de moradores de rua, de pessoas no lixão, de cortadores de cana, e por aí vai. Pra mim esses temas já viraram sinônimo de preguiça e do estilo sambarilove de viver. Por isso a primeira coisa que disse ao meu orientador é que não quero retratar nenhum tipo de pobreza no meu possível ensaio. Ainda não sei sobre o que será (aceito sugestões), mas acredito que parti de um bom princípio. Um pobre quando vê um fotógrafo já deve saber que vai ser fotografado. Mas talvez eu esteja falando de um nicho bastante pequeno, só isso. Quase nunca fico vendo fotos de pobres, já vejo eles todos dias quando saio de carro. Só continuo não achando nobre fotógrafo ganhar dinheiro e notoriedade em cima de pobre. É pior que um patrão que explora seus funcionários.





Novo Jamursh

O novo filme do Jim Jamursh, ainda sem nome e em processo de pós-produção, vai ter Julie Deply, Chloë Sevigny e Bill Murray. Não vi e achei obra-prima. Dica por e-mail de Eduardo Pinheiro. Eduardo Pinheiro, Eduardo Pinheiro, já ouvi esse nome antes. Quem é Eduardo Pinheiro?





Sempre achei

Devendra Banhart, Vincent Gallo, Charles Manson e Jesus Cristo um tanto parecidos.





Pintura viva

Juarez Machado, natural de Joinville, Santa Catarina, mora em Paris desde 1986 onde vem exibindo suas pinturas pela Europa e Estados Unidos. Achei tudo bastante impressionante. Brasileiro, aí. A mão na água. Valeu pela descoberta, Ieda.





Mãe judia

— Mamãe, como vai a senhora?

— Assim, assim. Mais ou menos. E você?

— Torci o joelho na aula de ginástica.

— Torceu o joelho? Mas o que você fazia na aula de ginástica?

— A senhora foi comigo ao médico. Ele mandou eu me exercitar.

— Você vai à ginástica porque é uma folgada. Nunca trabalhou.


Hahah. Leiam o hilariante e apavorante Diálogo com a mãe judia por Cintia Moscovich. Baseado em fatos reais.





Enduring Love

Filmaram o livro Amor para sempre do Ian McEwan. Não cheguei a ler esse. Me avisem caso compense bastante.





Misantropicalia

Ganhei de presente o disco "Misantropicalia" do quinteto brasiliense Satanique Samba Trio. Pra quem conheceu Lusbel is a Jazz Project, antiga banda do regente Munha, não vai estranhar tanto o estilo. Mas vai reconhecer que em "Misantropicalia" o conceito do pagode satânico de Munha chegou em sua melhor forma. E agora está pronto para ser disseminado com força total para a grande massa de infiéis.

Isso já começou a acontecer com a matéria de meia página que saiu no Caderno 2 do Estadão, intitulada "O inenarrável Satanique Samba Trio". Minha única referência que lembra ao estilo do Satanique é o jazz esquizofrênico de John Zorn. Mas a comparação não serve pra nada. SS3 condensa ao extremo uma enorme gama de informações e estilos musicais jamais utilidades pelas forças de satã. Encontra-se samba, jazz, mambo, rock, talvez salsa, entre outros estilos carregados de suingue que não faço idéia do que seja. A alternância entre todos eles pode estar reunida em apenas cinco segundos de uma única canção. A imprevisibilidade das mudanças é capaz de dar um nó, virar do avesso e sabotar a lucidez de um cérebro humano comum. No site oficial, a banda bem que avisa: Uma vez libertadas as formas do mal jamais se encolherão.

O mais admirável é que a extrema concisão sonora não dá espaço pra embromações experimentais, que imperam nas bandas que usam o termo como desculpa à falta de talento. Cada segundo em "Misantropicalia" é muito bem calculado. Tudo está bem organizado na cabeça de seus integrantes. E isso é bastante incrível.

"Teletransputa", "Gafieira Bad Vide" e "Dança das quiumbas" são as peças de maior destaque, separadas por atos intitulados "Canção para atrair má sorte", que ajuda a compor o aspecto ritualístico do disco. Tem umas horas que dá medo. "Teletransputa" traz após a fragmentação inicial, uma ótima levada de samba com trombone. Chega a lembrar banda de coreto, com ares de calmaria e aconchego, mas no final um monstro urra em horror de morte. "Gafieira Bad Vide" traz samba, jazz e um imprevisível mambo cujo final entorta a mente. "Dança das quiumbas" tem cavaco junto com trompete e uma cuíca que levam o estilo ao máximo de criatividade e domínio. Há um longo silêncio, um suave solo de cavaquinho que antecede a finalização do disco. É inenarrável. E bastante improvável que exista algo mais criativo e original em todo o solo nacional.





As rosas não falam

Ainda não tinha ouvido a música "O mundo é um moinho" que o Cartola fez quando descobriu que sua filha era puta de rua.





Meu tio

Hoje às 22h30 na Cultura o programa Observatória da Imprensa vai fazer uma homenagem aos 80 anos que o diretor do Estadão, Ruy Mesquita, comemora essa semana. Pretendo assistir enquanto janto. Normalzinho. Postando só para não esquecer mais tarde.





É verdade

"Incrível como as ações de jovens lá em Porto Alegre, em meados de 1999, continuam (e continuarão) ecoando por tanto tempo e em lugares tão diversos."





Hello Weekenders

Espero que tudo esteja bem no mundo de você. Tudo está no meu. Dormi hoje à tarde na sala e acordei totalmente molhado de suor e levando mordidas no pescoço. Posso lhes dizer que foi uma experiência e tanto. Agora fui ao Pão de Açucar e comprei pipoca, manteiga Aviação e Bohemia Weiss. Vai ser a janta de hoje. Até mais.





Magneto Sexual

"Percebi cedo que a ESCRITA era um forte MAGNETO SEXUAL, capaz de botar as MENININHAS em POLVOROSA. Então eu me aproveitava disso. Fazia textos EMOCIONADOS, cheios de beleza e ROMANTISMO e recebia cada vez MAIS e-mails apaixonados. (...) O lance é que deu TÃO certo esse lance de escrever FOFINHO que eu comecei a arrumar NAMORADAS, o que pra mim, que havia tido uma adolescência TENEBROSA nesse quesito, era algo INÉDITO e ASSOBERBANTE."

Cardoso explica o que move um jovem escritor em entrevista ao Portal Literal. Um sarro total a sinceridade do ruivo.





Fim dos Delgados

A banda escocesa The Delgados acabou. Mas tudo bem. Eles ainda vão continuar tocando a ótima gravadora Chemikal Undergound e estão pra lançar o disco novo do Malcolm "Crappo The Clown" Middleton. Maravilha.





Epidemia de deadline

14:40:01 Parada: Desculpa alguma grosseria. Estou agitado e escrevendo. Estou com três deadline, sabe como é.

14:42:13 Ieda: Eu entendo, também to cheia de deadline. Esfreguei bem, mas não passou.





Casa Nova

De início fiquei meio com preguiça de mudar o blog pra cá. Mas a mudança pesada já foi feita e já estou gostando. Entro na página inicial do Insanus e vejo a lista dos blogs. Tem o Cardoso alí, o cara que eu lia quando ainda fazia o colegial em São Joaquim. O cara que eu achava o máximo e parava pra sentar e ler seus textos. O Bruno, aquele irmão mais novo do Galera que eu odiava e agora virou meu melhor amigo. O Firpo, agora pai, monge budista que sempre me presenteia e que um dia cantou Smiths comigo na porta de um restaurante vegetariano em Porto Alegre. O Hermano, que já comeu a Sandy & Junior. O Träsel gourmet que ia fazer um jantar jantar pra mim em sua casa mas que não rolou. O Galera que... não.

Enfim, dei uma olhada geral e pensei Não é um lugar tão ruim assim. Obrigado ao Gabriel pelo convite. Um abraço para os conhecidos e um olá para os vizinhos. Olá. Precisando de uma xícara de açucar, estamos aí.





You are what you love

Spike Jonze sonhou um comercial pra Adidas. Pena que o vídeo é pequeno. Valeu, Firpo.





Tema de amor para o padrinho

Achei a trilha sonora do Godfather. Obra-prima total do Nino Rota, o cara que fez quase todas trilhas para o Fellini. Ouço a The Godfather Finale e fico pensando na minha família e nos meus tios que eu conheci e que já morreram. E de quando era pequeno e minha família inteira, gigantesca, se reunia numa chácara pra passar os domingos. Muitos tios e primos. Muita comida, todo mundo levava uma coisa. Minha avó querida andava sozinha e bem na época. Ela e meu tio que morreu de câncer no estômago iam tomar sauna e levavam uma garrafa de uísque e um copo com gelo junto. Eu e meus primos nadávamos a tarde inteira. Tinha um barril de gelo cheio de guaraná antártica a vontade. Qualquer sede a gente pegava um. Bebiamos o dia inteiro, até estufar. Os domingos nessa chacará é minha única grande saudade da infância. Era algo extremamente feliz, não consigo lembrar de ninguém que não estava muito feliz e se divertindo. Até meu pai e o irmão dele, que são inimigos desde a infância, ficavam bem, pouco depois de brigarem. Hoje a chacará está abandonada. Meu tio faliu, perdeu tudo. Morreu pobre, quase. Foi bem triste, sendo que ele era muito rico. Era uma ótima pessoa, apesar de péssimo para os negócios. De uma família unida, de filhos moços já que tratavam ele com um carinho muito bonito. Sempre que ia na casa dele as fotos me chamavam atenção. Uma era ótima, dele e o neto dormindo junto no sofá, jogados em cima do outro. Hoje a viúva dele está em tratamento pra depressão, mesmo depois de completar mais de dois anos de sua morte. É muito triste porque sempre que lembro daquela época ótima, lembro de como as coisas estão hoje. Perderam bastante a graça. A força da família parece ter dimunuído, apesar do meu pai fazer os melhores esforços para ela ainda permanecer unida. De certa forma é, mas não como antes, tão descontraída e feliz, com ninguém muito velho e eu ainda criança. Minha vó ainda está bem. Apesar do corpo frágil, de não andar sozinha, a cabeça está perfeita. Quando converso com ela, só nós dois, consigo entrar em contato com a sensação que tinha de criança quando brincava na chácara. Numa tarde na casa dela, conversando disso uma vez e lembrando desse meu tio, quase cheguei a lacrimejar, tendo que ir ao banheiro disfarçar. E de todas as conversas desse tipo que tive com ela, desde a da morte do marido e da mãe dela, que ocorreram no mesmo dia, nunca vi minha vó lacrimejar. Eu só vi ela lacrimejar uma vez, no enterro desse tio, irmão dela, o tio Zinho. Que se chamava Esneider. No enterro eu fiquei do lado dela, sentado do lado dela, de mãos dadas com ela. É o que jeito que ela gosta de ficar comigo, quando não tem muita gente por perto. Ela fica mais feliz assim, já percebi. Mas nesse dia, de mão dada com ela, parecia que eu não estava alí. Ela não olhava muito pros lados e pras pessoas. Olhava pro nada às vezes e vi que tinham lágrimas nos olhos delas. Antes disso, pensei que ela não tinha mais nenhuma guardada dentro dela. Que com a velhice, as lágrimas tinham todas se acabado também.





BrainGate

Guardian Life: "A severely paralysed man has become the first person to be fitted with a brain implant that allows him to control everyday objects by thought alone."

A esperança é que o implante possa fazer com que as pessoas voltem a usar seus membros paralisados.

"If we can find a way to hook this up to his own muscles, he could open and close his own hands and move his own arms"

Está longe de acontecer, mas foi dado o primeiro passo. Neurociência é sci fi.