Previsão do tempo por David Lynch. Totalmente fora da casinha.

"Desgraçado aquele que não conhece a paixão, mas também desgraçado aquele que só conhece a paixão, que só é capaz de amar passionalmente, porque está condenado a repetir essa ilusão. A paixão sempre se acaba quando entra em contato com a realidade. Quando se ama passionalmente, sofrer não é inevitável, mas é bastante provável. Se a paixão não se cumpre, se não é correspondida, sofremos como cães. Mas, se a paixão se cumpre, também sofremos, ainda que seja de outro modo, pela melancolia do amor perdido. Algumas pessoas, no entanto, são capazes de converter a paixão, quando se acaba, num amor cotidiano e real. São esses os casais que começam uma relação apaixonadíssimos e sabem seguir se amando de outra maneira, mas harmoniosamente durante anos."

Não são pessoas que só sabem ficar pulando de paixão em paixão, como os personagens do livro da escritora Rosa Monteiro. Paixão é bom porque é imprevisível e ficamos sem controle da situação, mas poder ir além é bem legal também.

1671: François Vatel, chef to Louis XIV committed suicide because his seafood order was late, and he couldn't stand the shame of a postponed meal.

1911: Jack Daniel, founder of the famous Tennessee whiskey distillery, died of blood poisoning due to a toe injury he received after kicking his safe in anger when he could not remember its combination code.

Wikipedia's List of Unusual Deaths. (Valeu, Ieda!)

Não podemos esquecer do insuperável Darwin Awards.

Diogo Mainardi na Veja dessa semana:

"A política do governo federal para o setor livreiro está a cargo de Galeno Amorim, coordenador do Programa Nacional do Livro e Leitura. Ele prometeu abrir 1.000 novas bibliotecas nos próximos anos e aumentar em 50% o índice de leitura do brasileiro, graças a uma martelante campanha publicitária. Amorim foi secretário da Cultura de Ribeirão Preto quando o prefeito era Antonio Palocci. Recentemente, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo denunciou Palocci por favorecimento à editora de Amorim, a Palavra Mágica, condenando-o à devolução de 2,6 milhões de reais aos cofres públicos.

O Tribunal de Contas do estado deu outro aborrecimento a Palocci, duas semanas atrás. Reprovou o contrato que ele fez para reformar o centro de Ribeirão Preto na época em que era o prefeito da cidade. O grande projeto palocciano previa uma avenida elevada, um lago artificial e uma ponte suspensa, réplica da Golden Gate, de São Francisco. A obra não foi realizada. Mesmo assim, custou 4.681.763,90 reais à prefeitura. A empresa contratada irregularmente para tocar o projeto foi a Coderp. O superintendente da Coderp era Juscelino Dourado, atual chefe-de-gabinete de Palocci no Ministério da Fazenda. Dourado é afilhado de casamento de Rogério Buratti, secretário de Governo de Ribeirão Preto no primeiro mandato de Palocci e achacador da Gtech no caso Waldomiro Diniz."

Assisti mais uma vez o Antes do Amanhecer. Engraçado que não lembrava de várias cenas e de vários detalhes. Então foi bom rever, a versão em DVD, junto com meus pais. Lembrei de como eu gosto do final desse filme, quando os dois já estão separados e vai mostrando os vários lugares por onde eles passaram. Os lugares vazios ou com algo do cotidiano acontecendo. A vida comum tomando seu lugar de novo. É legal demais isso. Dá muita ênfase em como o que aconteceu foi mágico e especial - atordoante. Às vezes eu revejo alguns dos lugares que foram marcantes pra mim. Uma vez por ano, talvez mais, revejo uma escadaria, quase por acidente. Passo por ela, paro e fico olhando para seus degraus. Depois procuro um outro ângulo e fico olhando para um ponto específico da escadaria. É sempre bom rever eles ali, com várias coisas acontecendo ao redor. É um momento meio mágico. Curto o fato do Richard Linklater captar isso. Ele tem várias desses manhas. Reve o Antes do Amanhecer fez eu entender melhor um pouco os filmes do Linklater. Eles não são nada profundos, não oferecem uma maturidade que satisfaz. Seu ponto forte é, apesar de tudo isso, conseguir ser extremamente íntimo. De uma maneira muito saudável. Amanhã acho que vou rever o Antes do Pôr-do-Sol pra ver o que rola.

Rindo.

Ajude a acabar com os problemas climáticos da Terra, aumentar as horas do dia e criar um clima mais homogêneo. Como? Pulando.

"A admiração pela dupla de São Gonçalo é antiga. Começou com o segundo de seus seis discos, “A forma”, produzido pelo DJ Memê em 1997. Podia ser irrelevante, pueril, podia ser uma versão pálida do funk carioca, mas, ora bolas, era uma delícia de se ouvir (...)"

Arthur Dapieve é fã de Claudinho e Buchecha. Também sou. Tenho a discografia completa. Controlo o calendário sem utilizar as mãos.

Ontem de ontem e ontem tomei café da manhã com minha vó. Comprava pão no meio do caminho e lia o jornal enquanto esperava ela tomar banho. Vim pro interior sempre me deixa mal acostumado. Esses dois dias que fui lá, tomei leite de vaca de verdade. Nada de leite de saquinho ou leite de caxiha. De vaca. Do pasto. Que cria uma crosta de nata depois de fervido. É tão bom que tomava umas três xícaras de café com leite. E o pão quente com manteiga. Comentei com minha irmã do leite e ela disse que quando vai lá até tem dor de barriga de tanto que ela toma o leite.

Hoje de manhã não fui tomar café da manhã lá. Tinha bolo cremoso de milho, e fui pegar o leite. De caixinha. Integral, claro. Parecia água. Parecia que o leite integral era leite desnatado. Não sei se acontece com vocês, mas esses experiências mudam o meu humor, ainda mais logo no começo do dia. O dia não estava começando bem com aquele leite. Na minha vó, tomando café com leite de vaca de verdade, é como se o dia começasse bem com aquele momento prazeiroso.

Tem um queijo fresco na geladeira aqui de casa que também não estou vencendo de ir lá e tirar uma fatia grossa. Vi ele ontem inteirão descansando sobre um prato na geladeira. Era maior que minha mão aberta. Hoje já está quase acabando. Ontem usamos bastante ele na sopa de feijão.

Estou começando a achar que o melhor programa pra se fazer em viagem é conhecer as boas comidas da região. Ir viajar pra comer bem. Que nem eu faço quando venho pra casa. Preciso deixar claro que não venho pra cá só por causa da comida, caso minha mãe esteja lendo isso. Mas que é bom é bom. Hoje antes de sair pra levar o carro no posto, a Dona Nair começou a fritar cebola pra refogar a carne, fiquei transtornado escovando os dentes e fui lá ver o que era. Era só cebola mesmo. Não sei como é possível. Cozinhar tem desses mistérios. Uma vez que fiquei encanado fui ver que diabos minha vó aprontava pra fazer a costelinha de porco que só ela sabe fazer. Fui lá, fiquei em cima vendo tudo, e o que ela fez só cortar as costelinhas, e jogar tudo de qualquer jeito na panela de ferro já com o alho e cebola e óleo. Jogou com o maior descaso, de qualquer jeito, tampou a panela e ficou coversando comigo na mesa da varanda.

Adoro o senso de humor do David Letterman. Fazia tempo que não via seu programa. Tem um quadro novo chamado "Ape or artist?", onde é mostrado uma pintura abstrata e ele tem que descobrir se o quadro foi feito por um ser humano ou por um macaco. Genial.

No mais, a TV Senado está bombando. Tão passando agora os melhores momentos da manhã.

"My mom likes to buy old glass crap, and also other old crap that's not made of glass, off of eBay."

Das maluquices que só se encontra na internet. (Valeu, Mojo!)

Uma jovem australiana foi condenada há 20 anos de prisão em Bali, Indonésia, por tentar entrar na ilha com 9 libras (3,6 kg) de maconha. Teve sorte, poderia ter sido condenada à morte. Matéria completa no New York Times.

Sebastião Salgado, nosso Paulo Coelho da fotografia, está começando mais um projeto. Bom-vivant que só, vai ficar viajando e tirando fotos por 10 anos pra depois lançar o livro "Gênesis". Dessa ver, militará pela ecologia e pela qualidade de vida. Para que os nossos filhos e netos recebam um planeta onde possam sobreviver e continuar. No começo do projeto, irá fotografar apenas a natureza, mas no final vai aproveitar pra dar uma passadinha nos seus lugares prediletos:

"Depois devo ir à Namíbia fotografar os himbas e os Bushmen do deserto Kalahari da África do Sul, e estou indo para a Etiópia em janeiro. Estou começando em breve a trabalhar com grupos humanos. Possivelmente trabalharei no Sul do Sudão em março e abril."

Mais detalhes na entrevista exclusiva ao No Mínimo. Bela espetadinha no final.

Foi engraçado, pra não dizer trágico, o crescente desespero do PT em tentar barrar a CPI dos Correios. Sua última tentativa de convencer os parlamentares a retirarem suas assinaturas mostrou que corrupção acontece de tudo quanto é jeito, na cara do Brasil, sem constrangimento algum. Ontem às 16h o governo tinha autorizado 395 mil destinados as obras solicitadas por 12 parlamentares. Vendo que a ação não surgiu efeito, às 18h o valor foi pra 933 mil e os beneficiados subiram pra 18. Foram muitas as emendas milionárias que do nada tiveram todo apoio do governo. A lista dos beneficiados pelos milhões é grande, mas resumindo, o total que o governo se dispos a distribuir para as emendas dos deputados e senadoras foram 700 milhões de reais. Quase 1 bilhão de reais foram sacados como tentativa de barra a CPI. Isso que é temer.

Ontem também, na tribuna do Senado, Suplicy chorou quando anunciou que irá assinar a favor da CPI, mesmo sabendo que esse ato irá praticamente tirar ele da disputa pelo Senado em 2006 e que ele até pode ser cassado. O Suplicy é normal, mas é legal ver algum ato de vergonha na cara por lá. O Pedro Simon batendo palma quase chorou também.

Até agora não lembro de nada mais desmoralizante para o PT do que suas tentativas de barrar a CPI. Pode ficar pior agora que ele irá tentar de tudo pra emperrar o andamento das investigações. Particularmente, preferiria a Polícia Federal tomando conta do caso. A fama da CPI é que acaba em pizza. A da PF é de mandar seja quem for pra cadeia. Claro que o jogo político fala mais alto, mesmo assim a CPI pode gerar bons frutos, como mudar a forma em que são nomeados os cargos do Correio. Quanto menos Estado, menor corrupção. E o caso Celso Daniel está sendo reaberto. Esse sim é muita treta.

Fim do samsara e dos seis mundos.

Banda Chem e Nem.

"Um paciente foi assassinado por outro paciente a golpes de machado após discutir sobre a temperatura na qual deveria estar o ar-condicionado do centro de diálises de Kuala Lumpur, na Malásia, onde eram atendidos, informou hoje a imprensa local."

Conto completo no Terra.

Vendo as fotos da festa do Insanus, vi o Firpo e lembrei do Moryama. Acordei chovendo e fiz mingau de aveia. Agora ouço "Like a Rolling Stone" do Bob Dylan. Ontem meu pai me contou como foi bom o final de semana junto com minha vó e me emocionei. Antes de vir aqui fiquei quase uma hora navegando pelo Fotolog, está rápido como nunca, felicidade total, que continue assim. Chove muito mas tenho que sair de casa. O jornal hoje não chegou encharcado. A dona Luíza sarou e está limpando minha casa. Fiz mingau pra ela também, mesmo ela dizendo que não queria. Vi a foto do Firpo na festa do Insanus e lembrei do Moryama. Me rendeu essas poucas linhas. Estou começando o dia bem.

"Uma ursa de 70 kg entrou num subúrbio americano e aproveitou para se refrescar na piscina de umas casas antes de ser tranqüilizada e levada de volta à floresta. A ursa entrou na região de Porter Ranch do Vale de San Fernando pouco depois das 18h00 de domingo, batendo em portas e janelas antes de dar algumas braçadas na piscina, disse o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Brian Humphrey.

As autoridades isolaram a área e a polícia florestal tranqüilizaram a ursa, disse Cindy Wood, do Departamento de Caça e Pesca. A ursa foi libertada nas montanhas. "Parece ter sido o calor", disse Wood. "Ela provavelmente pegou o caminho errado e foi parar num bairro. O lugar dela é nas colinas, é onde ela vive". (Estadão)

O Estadão anda nos brindando com ótimos exemplos do jornalismo buick. Passei a assinar o jornal essa semana.

Se o Star Wars tem fãs pelo mundo todo, por que não ter a camiseta da série em espanhol? Lembrei do Batman versão Mogwai. [via Boing-Boing]

Diogo Mainardi, na Veja da semana passada: "Se alguém me oferece 10 000 reais para dar uma palestra em Cuiabá, penso imediatamente que eu aceitaria pagar 15 000 reais para não ter de ir a Cuiabá. Fui um jovem muito ambicioso, sobretudo no campo literário. Minha maior ambição, hoje em dia, é jamais, em hipótese alguma, colocar os pés em Cuiabá."

Diogo Mainarda, na Veja dessa semana: "Um advogado de Cuiabá pretende me interpelar judicialmente. Ele diz que ofendi a cidade em meu último artigo. Só porque declarei que prefiro pagar um dinheirão a ter de conhecer Cuiabá. Meu maior temor é que, a certa altura, algum tribunal cuiabano me chame para depor. Não vou. Melhor ir para a cadeia."

Ele conseguiu deixar sua coluna dessa semana mais engraçada ainda. Imperdível.

"Cinco pessoas morreram pisoteadas e 25 ficaram feridas durante um show da banda de forró Calcinha Preta, na madrugada deste domingo, em uma casa noturna na periferia de Fortaleza.

Morreram no local Maria do Socorro Lima da Silva, de 51 anos, e Maria Iranilde Torres da Silva, de 39. Outras três pessoas - Natalide Barbosa de Andrade, de 20; Paulo Sérgio Silva Catarino, de 25; e Zioneida Gerassina da Silva, de 29 - foram levadas ao hospital Frotinha de Parangaba, mas já chegaram lá mortas." (Estadão)

Que Daniel Pellizzari que nada.

No horário em que alcançou a maior audiência nesse domingo, o Pânico na TV dedicou três minutos de sua programação para leitura de Fernando Pessoa. Deveriam ter ficado no mínimo cinco, pra dar tempo de rolar alguma imersão, como da outra vez que largaram tocando uma ópera de Vivaldi.

Antes de meu hambúrguer de picanha de 300g chegar, tomando um milkshake de 8 reais, lia o Pedro Alexandre Sanches na Carta Capital dessa semana. Ele comenta em paralelo os livros Crônicas - Volume 1 do Bob Dylan e o Pra mim chega, a biografia do Torquato Neto. Bela matéria de duas páginas, mas só um parágrafo merece a reprodução. Sobre a relação do Bob Dylan com seus fãs.

"Falando sobre os fãs hippies que na virada dos anos 60 para os 70 invadiam sua propriedade rural em Woodstock à cata do Príncipe do Protesto (que, ele insiste em afirmar, nunca existiu), assim os qualifica: "gangues de periféricos e drogados", "parasitas em peregrinação", "mulheres com aspecto de gárgula", "espantalhos", "vadios à procura de festas". E confessa, bombástico: "Eu queria mandar bala naquela gente."

Há duas semanas baixei a coletânea The Essential do Dylan pra conhecer melhor. Muito bom. Vale a pena ter. Eu achava que a música "Don't think twice, it's alright" era do Nick Drake.

Ir almoçar sozinho em restaurante de milionário e voltar de guincho pra casa.

E hoje à meia-noite tem a cobertura ao vivo da Festa do Insanus. Como não estarei presente, irei acompanhar. Prevejo muita bobeira.

Boa notícia pros fã de Hunter S. Thompson. Johnny Depp vai interpretar mais uma vez o pai do gonzo-jornalismo na adaptação de seu primeiro livro, The Rum Diary, que conta as histórias do jornalista em Porto Rico na década de 50.

Todos sabem que o primeiro filme de Depp sobre o Thompson foi o ótimo Medo e Delírio em Las Vegas. Sempre lembro do Thompson contando que quase atirou no Johnny Depp por não aguentar mais ver o ator observando e imitando ele o tempo todo. Se não me engano esse tempo todo durou três meses. O Las Vegas foi dirigido pelo absolutamente genial Terry Gilliam. O Rum vai ser dirigido por Bruce Robinson, que nunca ouvi falar. De qualquer forma, promete.

Fiquei um dia sem vida e outro em coma. A conexão agora parece estar voltando ao normal. Estou tomando antibiótico pra ver se os deadlines me dão uma trégua. Estourei meu trapézio ontem e hoje. Enfiei o pé na argola que prende as raias. Almocei com os faxineiros. Terei que fazer um perfil de vinte mil toques. Escolhi o Zequinha. A pré-pauta foi aprovada, se ficar bom mostro pra vocês. Vou ver os e-mails. O cheiro de hardware purifica novamente meus pulmões.

"She catches me in a moment of exasperation. It's true, I was exasperated. My parents had divorced and there was a general feeling of loneliness, a sense of being abandoned. I was just exploding. She saw that and it's like . . . commiseration. She captured the loneliness of everyone. It's all people who want to connect but don't know how to connect. And I think that's how she felt about herself. She felt damaged and she hoped that by wallowing in that feeling, through photography, she could transcend herself."

Washington Post conversou com os dois personagens mais famosos das fotos de Diane Arbus. As gêmeas idênticas e o garoto da granada. Revelações.

Cartazes já estão espalhados por toda Porto Alegre. Está tudo pronto para a festa do insanus. Sábado, dia 21. Vai bombar muito.

"Agora eu já estou indo dormir me sentindo melhor, porque as coisas mudam de acordo com os milésimos de segundo e porque acho que o computador é uma espécie de capacho onde a gente bate todos os pós lá de fora e vai dormir com os pés limpos."

Matéria da Times sobre a crescente grosserias dos jovens no Japão. Cruzar as pernas, comer em público, balançar o guarda-chuva, etc. Apesar de parecer besteira, estão levando essas pequenas grosserias a sério. Acreditam que elas podem construbuir para criar um ambiente que estimula o crime. Nos metrôs de Tóquio já pode se encontrar cartazes coloridos com os dizeres Dobrem seus jornais! Ser espaçoso é grosseria. Noriko Kimoto, uma comentarista de televisão, certa vez pediu pra uma pessoa que parasse de balançar o seu guarda-chuva, e a pessoa respondeu Cala boca, bruxa velha. Foi algo horrorizante para Noriko. [via A&L Daily]

Tudo o que acontece é bom.

Em breve, livro novo do Daniel Pellizzari na área pela DBA. "Dedo Negro com Unha", o nome do demorado. Notinha sobre na Trip para Mulheres.

Estamos na espera.

Ontem um tio nos convidou para jantarmos em sua casa. É um tio que quando os outros parentes pensam nele, pensam em uma pessoa que fala muita barbaridade. Um tio que, na mesa, enquanto morde um doce, é capaz de defender as mais radicais teorias sobre a pena de morte. Fazendo com que todos gastem energia ficando transtornados. Apesar de querido, é a imagem que todos têm dele. Uma pessoa que fala muita besteira.

Já a primeira imagem que me vem à mente quando penso nele é a de um ótimo cozinheiro. E mesmo nunca me incomodando com o que ele fala, percebi que quem sabe cozinhar sempre é perdoado. A melhor opção para ser sempre perdoado é ser um bom cozinheiro. É uma qualidade impossível de não admirar. É pacificadora. Todos deveriam perseguir essa meta. Nada como saber fazer uma boa comida e poder deixar todos felizes e sem palavras.

Quando estou na mesa com esse tio, comendo um de seus pratos, e acontece dele falar uma besteira muito grande, olho pra ele, abro um sorriso e penso "que comida boa, tio" ou "esse vinho é bom mesmo". E ele fica feliz se sentido aprovado pelo o meu sorriso ambíguo. E ao ver os outros parentes indignados, acho mais absurdo ainda. Por eles simplesmente se darem o trabalho de levar aquelas palavras a sério.

Ontem tanto a comida quanto o papo estavam bons. Meu tio é ótimo pra contar histórias. Fala o "filho da puta" mais carinhoso que já ouvi. É quase o equivalente em carinho da minha vó dizendo "cagão". Tinham os queijos de sempre, os vinhos bons de sempre, umas carnes, ótimos petiscos que apesar de apenas petiscos estavam especiais de bom. Qualquer coisa que ele faz fica muito bom. Ele adora vinhos. "Semana que vem vou gastar quinhentos reais em vinho", me confidenciou baixinho uma hora. Não disse nenhuma besteira, foi extremamente legal e ficou extremamente agradecido e feliz pela nossa presença em sua agradável casa, no último andar de um prédio. Agradecemos de volta. Disse que sempre é um prazer ir na casa dele. E fomos embora felizes.

O bê-a-bá da profissão mais antiga do mundo está organizado no site do Ministério do Trabalho e Emprego, responsável pela Classificação Brasileira de Ocupações. Abaixo, alguns dos ítens que se encontram no site do Ministério. Os ítálicos são meus:

Competências pessoais exigidas -- Demonstrar capacidade de persuasão. Demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas. Demonstrar paciência. Demonstrar capacidade lúdica. Respeitar o silêncio do cliente. Demonstrar capacidade de comunicação em língua estrangeira. Demonstrar ética profissional. Respeitar código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho.

Condições gerais de exercício -- Trabalham por conta própria, na rua, em bares, boates, hotéis, porto, rodovias e em garimpos. Atuam em ambientes a céu aberto, fechados e em veículos, em horários irregulares. No exercício de algumas das atividades podem estar expostos à inalação de gases de veículos, a intempéries, a poluição sonora e a discriminação social.

Formação -- O acesso à profissão é livre aos maiores de dezoito anos; a escolaridade média está na faixa de quarta a sétima séries do ensino fundamental. O pleno desempenho das atividades ocorre após dois anos de experiência.

Atividades ao atender os clientes -- Fazer companhia ao turista. Fazer companhia a cliente solitário. Acompanhar cliente em viagens. Acompanhar cliente em festas e passeios. Jantar com o cliente. Manter relações sexuais. Pernoitar com o cliente. Posar para fotos. Lavar roupas dos garimpeiros.

Ok, já tá bom. Mas confesso que foi mais engraçado ver a lista quase completa sendo pronunciada na TV Senado.

Exhausted with gay pleasures, I embrace my wife.
The narrow path of asceticism is not for me:
My mind runs in the opposite direction.
It is easy to be glib about Zen -- I’ll just keep my mouth shut
And rely on love play all the day long.

...

The vagaries of life
Though painful,
Teach us
Not to cling
To this fleeting world.

Ikkyu (1394-1481)

Se não me engano, é a segunda vez em dois meses que a Casa Branca é esvaziada por causa de um pequeno avião que adentrou sua zona aérea. E enquanto no Estadão a notícia está no maior clima 11 de setembro, no New York Times o aviãozinho já está aterrizado num pequeno aeroporto em Maryland, depois de ser escoltado por aviões de guerra.

"A exemplo do que aconteceu com Gugu Liberato na Festa Literária de Paraty ano passado, São Paulo está mandando a apresentadora Eliana para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Os intelectuais cariocas já mandaram avisar que vai ter troco."

Tutty Vasques

A relação entre a Lei da Responsabilidade Fiscal, o PT e o inchaço do funcionalismo federal por Augusto Nunes do no mínimo.

Foi o Realismo uma Reação contra os Excessos do Romantismo?

Meu fotógrafo brasileiro predileto é o André Arruda. Conheço muito poucos outros, mas até agora ninguém que chega perto dele.

Melhor arte feita com a nossa garota sem expressão. Aquela. Ganhou o mundo. [via Boing Boing]

Já saiu até no Boing Boing o inacreditável logotipo do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Federal de Santa Catarina.

"Agora, uma das grandes obras literárias do início do século XXI, e um dos dez maiores romances brasileiros de todos os tempos, é, sem sombra de dúvida, o "Não Há Nada Lá" do seu Terron (Joca Reiners). (...) É uma verdadeira Pedra de Roseta, um livro genial que ainda vai ter sua fortuna crítica a seu devido tempo. (...) Acho o livro tão genial que toda vez que encontro casualmente o seu Terron, na Mercearia (bar no bairro Vila Madalena), por exemplo, fico intimidado com sua presença, e sou cheio de dedos para falar com ele. É como se eu visse, por exemplo, James Joyce caminhando na rua, chutando cachorros na Paris de 1922."

Tadeu de Melo Sarmento em entrevista a Marcelino "eta danado" Freire para o Portal Literal.

Joca Reiners Terron é fácil um dos maiores escritores brasileiros vivos. Li o "Não Há Nada Lá" e o "Curva de Rio Sujo", o único livro que reli na vida. Não comentei nada na época. Até tentei, mas achei que seria constrangedor demais dizer que todas as palavras em seus livros carregam uma beleza única. Não sei explicar, já não consigo identificar um trecho que exemplifique isso. Talvez seja o ritmo que a leitura impõe que tenha causado essa forte impressão. Talvez seja do estilo mesmo, uma tipo de prosa poética, mas não vi nada que me lembrasse poesia. É um aspecto enigmático que há em cada sentença. Seja lá o que for, é muito bom. Senti esse impacto mais no "Curva do Rio Sujo", que é mais realista do que o fantasioso "Não Há Nada Lá", que é de uma capacidade literária assombrosa. Até entendo do Tadeu ficar acanhado de ir conversar com o Joca. Eu também teria ficado caso tivesse lido algum de seus livros quando tomei cerveja com ele na agradável Mercearia, na companhia do Cardoso e do Galera. Acho massa ter esse tipo de admiração. Mesmo sabendo que isso é uma besteira sem fim. Ainda mais com escritores. Que são duas vezes os melhores amigos.

Um blog especializado em monstros de seriados japoneses. Não dá pra ler nada, mas as imagens compensam. Muita coisa inacreditável nos arquivos. Nada supera a cultura japonesa.

Saí da aula mais cedo e resolvi passar no McDonald's pra comer qualquer coisa. Tava com preguiça de ter que cozinhar em casa. Fiz o pedido, sentei e comi o primeiro lanche. Comecei o segundo e a música ambiente mudou e só aí fui perceber. Que a minha direita estava uma mãe com cinco cianças numa mesa. Na mesa ao lado, um jovel casal de namorados japoneses. Mais pra parede tinham duas amigas. Uma gesticulando com um pouco de energia, parecia cansada, e parecia que a conversa era sobre relacionamentos. Na diagonal delas um senhor de roupa social, cabelo arrumado e bigode feito. É diferente ver uma pessoa com fisionomia de pai de família sozinho comendo um lanche no McDonald's. Dá uma impressão mais forte de solidão. Ao seu lado, uma gorda com fisionomia desanimada e orgulhosa comia um lanche bem devagar. Um funcionário varria o chão sem muita vontade. Uma menina tomava um sundae de morango. Dois japoneses com camiseta da engenharia riam sem parar. E notei que só quando a música mudou que fui levantar a cabeça e ver tudo isso. Antes todas aquelas pessoas simplesmente não existiam, por um bom tempo não tinha visto nenhuma delas. Música tem dessas coisas.

Dublinenses, James Joyce. Porque eu já tinha lido Kafka e Cortázar, então faltava ele. Pretendo ler o Ulisses, que dizem ser impossível de ler. Mas tem poucos personagens e todas as quase mil páginas se passam em apenas um dia. Deve ser massa.

Todos os fogos o fogo, Julio Cortázar. “Senhorita Cora” foi de longe o melhor conto que li na vida. O do congestionamento é sufocante. Todos contos muito bons. O livro que mais gostei dele, depois do Histórias de Cronópios e Fama.

Sobre Fotografia, Susan Sontag. Foto só serve pra ver, mas é bem legal todos os ensaios reunidos. No fim do livro tem até uma coletânea de frases de fotógrafos famosos, umas das poucas coisas que me agrada pra ler sobre fotos.

O Último Samurai, Hellen DeWitt. Adorável em cada página. Tem gente que leu suas quinhentas páginas em um dia, mas fui lendo na boa. Tem gente que acha um livro difícil e complexo, segundo conversei com o Mojo, mas isso sôa um absurdo sem sentido pra mim. É uma delícia. Sobre uma criança super inteligente que procura descobrir quem é seu pai. Várias referências, principalmente o filme do Kurosawa, que persegue o livro todo. Pra mim o livro mostra como é tão mais divertido viver sendo naturalmente excentrico e tendo gostos.

Fear and Loathing in Las Vegas, Hunter S. Thompson. Me impressinou. Tinha aversão pela idolatria a ele e imaginava muita viagem na linguagem. Mas é um livro muito bem escrito e centrado. Mesmo os dois personagens estando chapados o livro todo. Emocionante ir percebendo o estilo que originou o jornalismo gonzo. As your attorney I advise you to read this book.

Todos são bons livros mas especialmente o todos os fogos e o último samurai pode-se gastar dinheiro tranqüilo. E continuo minha lenta saga de leitor de nenhum livro ruim. É só conversar com os amigos. A dúvida para os próximos cinqüenta reais agora está entre A Metralhadora de Argila do russo Victor Pelevin e o Breves Entrevistas com Homens Hediondos do David Foster Wallace, que só pelas entrevistas já fiquei meio fã.

Update: O próximo vai ser o do Victor Pelevin - que em inglês se chama Buddha's Little Finger -, porque fiquei sabendo que vou ganhar de presente o Breves Entrevistas com Homens Hediondos em inglês do Galera. Obrigado, Galera :-)

Museu das piores capas de disco do mundo. Tem as Top 10. Impossível não rir muito. [via Walverdes]

Lembro de como minha irmã ficou indignada quando viu essa foto . É divertida mesmo. Sniff, sniff.

Estadão: "Conhecimento geral de quem entra e de quem sai da faculdade é parecido"

Metade da rapazeada lê, no máximo, dois livros por ano.

Enquanto isso, um professor de colégio indica Camões e Machado de Assis para jovens de 15 anos.

When turkey inside is flatulent, chain saw near a big fan of over fairy. Miranda, the friend of Miranda and meditates with satellite defined by fairy. Most midwives believe that bowling ball from fall in love with gonad of cream puff.

"Thinking should be done before and after, not during photographing. Success depends on the extent of one's general culture. One's set of values, one's clarity of mind one's vivacity. The thing to be feared most is the artificially contrived, the contrary to life."

"I’m not responsible for my photographs. Photography is not documentary, but intuition, a poetic experience. It’s drowing yourself , dissolving yourself, and then sniff, sniff, sniff – being sensitive to coincidence. You can’t go looking for it; you can’t want it, or you want get it. First you must lose your self. Then it happens."

Citações do Cartier-Bresson e de vários outros fotógrafos estão reunidas no site PhotoQuotes.

"Todo chato é um milagre de perseverança. Não há chato tão cansado que não possa continuar atuando. O chato vence sempre." -ASS

Beauty in Music: "The ultimate guide to the hottest woman in classical music"

Lista completa das listas da McSweeney desde 1999. Enorme fonte de ótima literatura e humor.