Saí da aula mais cedo e resolvi passar no McDonald's pra comer qualquer coisa. Tava com preguiça de ter que cozinhar em casa. Fiz o pedido, sentei e comi o primeiro lanche. Comecei o segundo e a música ambiente mudou e só aí fui perceber. Que a minha direita estava uma mãe com cinco cianças numa mesa. Na mesa ao lado, um jovel casal de namorados japoneses. Mais pra parede tinham duas amigas. Uma gesticulando com um pouco de energia, parecia cansada, e parecia que a conversa era sobre relacionamentos. Na diagonal delas um senhor de roupa social, cabelo arrumado e bigode feito. É diferente ver uma pessoa com fisionomia de pai de família sozinho comendo um lanche no McDonald's. Dá uma impressão mais forte de solidão. Ao seu lado, uma gorda com fisionomia desanimada e orgulhosa comia um lanche bem devagar. Um funcionário varria o chão sem muita vontade. Uma menina tomava um sundae de morango. Dois japoneses com camiseta da engenharia riam sem parar. E notei que só quando a música mudou que fui levantar a cabeça e ver tudo isso. Antes todas aquelas pessoas simplesmente não existiam, por um bom tempo não tinha visto nenhuma delas. Música tem dessas coisas.