Sairam todos os metais e por conseqüência o samba e as brincadeiras circenses. Voltou-se para um rock com arranjos simples, letras intimistas e calmas. Com pitadas de MPB e de rock progressivo. Praticamente não ouve alarde no lançamento do disco novo do Los Hermanos, entitulado 4. Primeiro fiquei sabendo através de amigos. Só depois vi na imprensa.
Faço questão de gostar de Los Hermanos. É muito estranho ouvir uma banda de rock nacional de tão boa qualidade, entrosada e sem excessos. Não consigo lembrar de nenhuma outra banda de rock nacional que possa ser comparada a eles. Com tamanha maturidade musical e principalmente capacidade de se transformar sem perder a qualidade. Ouvindo pela primeira vez agora enquanto escrevo, sobressai uma frase da faixa cinco, “O Vento”. Se a gente já não sabe mais / rir um do outro meu bem / então o que resta é chorar.
Na lentinha “Sapato Novo” o jeito do Marcelo Camelo cantar lembra muito um Caetano Veloso bom, do início de carreira. “Só leva a saudade, morena / É tudo que vale a pena.” Melhor uso da palavra "morena" em uma música. Bem lentinha, silenciosa. Os arranjos de teclado e dedilhados de violão do início me faz lembrar uma mistura de praia com o disco V do Legião Urbana. Ponho meu sapato novo e vou passear.
A sensação na primeira ouvida é de limpeza. O leve toque de rock progressivo da “É de lágrima”, que fecha o disco, parece dizer de cara que esse é um disco grandioso, apesar de não ser extravagante em nenhum sentido. O Los Hermanos mudou e evoluiu pra muito melhor. Que bom.