Samjaquimsatva






Faixa de Gozo

Foi curta mas muito proveitosa minha estadia em São Paulo. Cheguei no flat do Galera e já tinhamos um ótimo programa: ir ver o Joca fazer umas leituras na Casa do Saber, a DASLUSP. Se o Joca é o melhor escritor dessa nova geração, outra coisa que ele faz muito bem é ler seus textos. Não consigo achar graça na maioria dessas leituras, mas ouvir o Joca lendo é compreender de uma maneira a sua literatura. Quando ouvi em mp3 uma leitura que ele fez no Memorial da América Latina, reli todo o "Curva de Rio Sujo". Na Daslusp ele leu um capítulo de um livro inédito e explicou a idéia original. Como disse o Galera, é tão boa que chega a dar raiva. O que me dá mais raiva é o vocabulário, o ritmo, as sintaxes, o estilo e capacidade de passar novas sensações que ele consegue escrevendo. Em um trecho que ele descreve uma mulher é maravilhoso. Aquele "dentes de égua" ficou na minha cabeça o dia inteiro. Só ele consegue deixar uma descrição dessas como um grande elogio.

Depois fomos todos almoçar no Sujinho. Eu e o Galera pedimos uma bisteca de 15 pilas. Tão grande quanto um bumerangue. O Joca e seu amigo pediram picanha, que pedirei numa próxima vez. O Hermano apareceu e se juntou ao trago, ficou uma meia hora e foi embora completamente bêbado. Hermano conversando bêbado, haha. Alemãozão todo vermelho.

Mesmo não tendo hábito de tomar cerveja, eu e o Galera praticamos o trago aproximadamente da 13h às 23h. Foi uma peregrinação. O mais incrível é que nem ficamos bêbados. Apenas levemente alterados. Tenho certeza que foi por causa da bisteca. Ma che bisteca, que grossa. O trago acabou num restaurante mexicano, onde pude reencontrar depois de muito tempo o meu amigo Mairena.

No dia seguinte eu e a Taina fomos fazer a prova do Estadão. Nos perdemos por 1h30 pelos bairros aos arredores do local da prova. Chegar em um bairro em São Paulo é fácil, é muito bem sinalizado, difícil é andar dentro deles. Ruas que nunca não dão mão e quarteirões de quilômetros que desbocam aonde o Judas perdeu as botas. Mas chegamos e deu tudo certo, até eu conferir o gabarito. Encontrei o Suruba depois da prova. As pessoas nos confundiram achando que fossemos irmãos. No mais foi tudo muito bom. Me diverti horrores. Ah.. ia me esquecendo. Vi um rabino andando na rua. Com enorme e belo sobretudo preto, chapéu preto, barba preta, com costeletas de cachinhos, andando de mão dada com seu filho com gravata pra dentro do coletinho. Como fiquei feliz.