Abaixo, a tradução de um poema de Stephen Dobyns feita pelo Joca lá no Hotel Hell. Fábula de metafísica suja. Foda. Contorce e deforma o cérebro.
Para colocar em alguém como se fosse dentro de um quarto trancado
Estes são dias de doença e esquecimento.
Um homem está na fila do puteiro.
Nesta noite há algo de especial.
As outras garotas pintam de negro seus mamilos
e cospem no homem esperando na fila.
O homem permanece seguindo adiante. Ele chega
ao quarto onde uma mulher está deitada de costas.
O que tem de tão especial nisto?
Um telescópio está disposto entre as
pernas, enfiado bem dentro dela.
Os homens se aproximam um a um,
ajoelhando-se entre as gordas coxas brancas.
E afinal chega a vez do homem.
Ajoelhando-se numa almofada azul,
ele se projeta entre as pernas da puta.
E coloca o olho no telescópio.
Logo se vê como uma criança pequena.
Seus pais estão lhe dando um banho.
Eles estão conversando e rindo. Eles tiram-no
da banheira, e o secam com toalhas aquecidas.
Seu pai o carrega até o quarto de dormir.
Ele mergulha entre frios lençóis brancos.
Alguém bate em suas costas. Vamulá,
seu filho de um porco, o tempo acabou. A puta
estala os dedos para o próximo na fila.
O homem desce as escadas para a rua.
Acabou de começar a chover, grandes gotas negras
que caem e estouram no asfalto.
O homem tem mais de cem amigos que poderia visitar
mas para cada um ele diz não.