Samjaquimsatva






Sin City

As críticas ao Sin City por não ter uma história não fazem sentido. Não sei do quadrinho, mas o filme é mais uma obra-prima do “pulp fiction”, da ficção barata, um estilo em que o Tarantino se consagrou como o gênio da espécie. Um ótima forma de entretenimento fruto das aproximações cada vez maiores da realidade com o absurdo, exagerando ao ponto de ficar engraçado. Causa uma sensação diferente rir de uma pessoa tendo o braço arrancado em uma situação grotesca e surreal.

Sin City é violento. É o inferno em forma de cidade. As três histórias de seus heróis quase tão violentos quanto os bandidos são repletos de muito sangue, tiros, desmembramentos, castrações e mutilações em geral. Mas não é uma violência que sempre choca. Ou melhor, feito para chocar o espectador. Em algumas vezes, é feito de propósito ara as pessoas rirem, como na cena da flechada. Ou da estrela de ninja fincada na bunda. O que pode perturbar é um olhar, a caracterização de um personagem, sua expressão facial. Com os tiros e o sangue se acostuma nos primeiro 10 minutos.

Mas a direção de arte realmente é impressionante. Vale cada centavo pago. Nunca tinha visto nada parecido. Nem deve existir. Caramba, como simplesmente tudo é bonito. Os esparadrapos no rosto de Marv arrebentado, os cabelos de Goldie, os olhos azuis contrastando com o preto e branco brilhante. Os respingos de cores. Os saltos dos carros, os movimentos de câmera, tudo. É o próprio gibi em movimento.

A crítica negativa a esse tipo de filme fala de uma ausência de moral, da estetização da morte, da atual cultura da violência, da banalidade desses filmes norte-americanos, etc. Nenhuma dessas críticas faz sentido, porque histórias como Sin City não fazem relação alguma com a nossa realidade. Aquilo não é o mundo em que vivemos. Uma crítica à espetacularização da violência caberia perfeitamente em programas como o Cidade Alerta ou Linha Direta. Não em um grande filme com uma grande linguagem. É preciso saber diferenciar. Ter senso de realidade e de diversão. É patético ir assistir um filmes desses, assim como Kill Bill, e ficar procurando relações com 11 de setembro, ou a ignorância e vícios da sociedade norte-americana. Esse tipo de indignação pode ser muito mais agressivo e prejudicial que toda a violência em Sin City.