Acabei de atender no portão um senhor negro sem o olho direito. Ele me pedia uma constribuição para poder realizar seu transplante de olho. Na lista de assinaturas que trazia, não dava pra ler nenhum nome, muito menos reconhecer nenhuma letra do nosso alfabeto. Era quase como letra de médico. Na frente desses rabiscos, davam pra saber a quantia das doações que ele tinha recebido até então. Não tinha ninguém que tinha dado menos de R$ 100. Dei quarenta centavos, dizendo que não podia dar a mesma quantia das outras pessoas. Ele ficou agradecendo muito, se apressando pra ir embora. Pensei em contar pra ele que não existe transplante de olhos, só de córnea, mas na hora percebi que dizer isso seria cometer um grande erro.