Samjaquimsatva






O mito da pós-modernidade

Boa análise de Naomi Wolf sobre os efeitos da pornografia como parte da cultura mainstream. O artigo é de outubro de 2003, pra New York Metro. Resumindo, ela diz que a invasão da pornografia está sendo responsável por um enfraquecimento da libido masculina com relação às mulheres de verdade, ou seja, que não aparentam ser atriz pornô. Sua conclusão não é novidade, mas faz sentido: quanto maior a quantidade desses estímulos, menor é a verdadeira capacidade dos homens se conectarem eroticamente com uma mulher.

A crítica vai exatamente contra às idéias feministas do anos 80 de que os homens ficariam mais violentos com as mulheres por causa da pornografia. É o contrário, ficam impotentes. As mulheres também seriam vítimas, vendo que é impossível competir com esses ideais pornôs. Mas como sempre, a culpa é do homem. Mas só consigo ver essas supostas vítimas como jovens que ainda não experimentaram muito bem o sexo e apenas consomem esses produtos - e que potencialmente podem virar apenas consumidores de sexo. Talvez daqui um tempo esse efeito da pornografia nas pessoas chegue a se auto-destruir. Pelo simples fato que fotos ou filmes das porn-stars cada vez mais serem algo inofensivo, sem a menor capacidade de causar algum estímulo. Apesar do contato físico, a pornografia se parece cada vez menos com sexo. A indústria pornô na verdade sempre foi muito artificial e tosca. O que ela se tornou hoje é apenas uma deformação dessa sua artificialidade.

Muito se diz da falta de sentido na sociedade pós-moderna, sobre as pessoas estarem cada vez mais perdidas, sem perspectivas, sem escolhas e até mesmo sem saberem do que gostam – já que só sabem aceitar aquilo que lhes é oferecido. Por outra perspectiva, a artificialidade ao nosso redor é tamanha que faz com que hoje seja a melhor época para se estar vivo. Os exemplos de frustração são tantos que fica cada vez mais fácil saber o que vale a pena fazermos de nossas vidas, para não passarmos por ela apenas como colecionadores de experiências vazias, e percebendo, mais cedo ou mais tarde, que nunca deixamos de estar marcados pela mais absoluta solidão.