Samjaquimsatva






O punctum da biografia de Barthes

"O que caracteriza as sociedades ditas avançadas é que hoje essas sociedades consomem imagens e não crenças, como as do passado; são portando, mais liberais, menos fanáticas, mas também mais “falsas” (menos “autênticas”) – coisa que traduzimos, na consciência corrente, pela confissão de uma impressão de um tédio nauseabundo, como se a imagem, universalizando-se, produzisse um mundo sem diferenças (indiferente), donde só pode surgir, aqui e ali, o grito dos anarquismos, marginalismos e individualismos: eliminemos as imagens, salvemos o Desejo imediato (sem mediação)."

Apesar de lançado há mais de 20 anos, o clássico “A Câmera Clara” de Roland Barthes ainda tem muito o que dizer sobre os dias de hoje. É um bom livro. É o lado digestível da semiótica, apesar de francês. Já tinha lido, mas tive que reler uma outra edição de um professor meu. E nessa edição, posso dizer que o punctum do livro é uma observação sobre a vida do autor na contra-capa. É quase impossível não achar muito engraçado, depois de permanecer ainda com a mente concentrada por causa do término da leitura de todas aquelas incríveis observações dos infinitos detalhes visíveis e invisíveis da fotografia, que, o autor, morreu, vítima, de um, atropelamento.