Para o psicanalista Adam Phillips, toda felicidade é sempre uma delusão, um momento de engano. Em entrevista ao The Guardian ele discute seu novo livro, Going Sane, onde analisa os problemas do idealismo emocional da busca pela felicidade. “Uma cultura obcecada pela felicidade deve estar realmente desesperada, não deve?”
Uma marca disso é a quantidade de livros de auto-ajuda que existe no mercado. O repórter chega a comentar que a cada hora chega em sua mesa um livro com a palavra “felicidade” no título. “Eles parecem ser mais parte do problema do que a solução”, diz Phillips. Sua própria editora não entendeu o recado de seu livro. Queriam usar o subtítulo “mapa da felicidade”. Ouvindo a dica, ele sugeriu “que tal mapa contra a felicidade?”
Para Phillips, a sanidade envolve aprender a apreciar conflitos, juntamente a desistir de todos os mitos de harmonia, perseverança e redenção. Pode parecer o oposto da busca pela felicidade, que muitos acreditam ser a capacidade de idealizar. Pra ele não tem mistério: a razão pela qual existem muitas pessoas deprimidas é que a vida é deprimente para muitas pessoas. A presunção da sociedade é que há uma frescura na pessoa deprimida e uma incapacidade da ciência para resolver o problema. O ideal de que “a vida é bela” é que está totalmente infundado.
É um autor que beira o auto-ajuda mas que decide ser sincero com relação ao o que é a vida. Os títulos de seus livros são interessantes. A Companhia das Letras publicou o Beijos, Cócegas e Tédio em 1996. Parece ser um autor no campo da psicanálise e ciências sociais divertido de ler. Me identifiquei com seu novo livro. Gosto de pensar que o ser humano é basicamente doente, imperfeito e incompleto. Creio que o entedimento profundo disso é a base para surgir alguma sanidade e felicidade em nossas vidas. Mas posso estar ficando maluco.