Eu sei que é pura frescura e trauma da adolescência, mas repugnei o formato da Piauí. Segurei a revista e me senti lendo a Caros Amigos. Vai ser difícil a leitura em público. Alguém poderá achar que sou leitor da Caros Amigos. Eu ligo para o que os outros pensam de mim. Os editores deviam ter pensado nisso. É frescura, mas formato não condiz com a imagem do aristocrata do site da revista. Poderiam ter lançado em formato de revista mais altinha, mais grossa, papel bonito, mesmo que mais cara, por que não?
A qualidade do texto e o time realmente são excelentes. Não senti falta do editorial. Senti falta de boas resenhas sobre livros, filmes, músicas, teatro, artes plásticas, etc. É raro existir resenhas longas e agradáveis pra se ler no país. As obras que não necessariamente são lançamentos e de acesso fácil. Porém, pelo fato de não haver colunas fixas, imagino não há nada que impeça que resenhas saiam em edições futuras. Também caria bem na revista a análise de um tema que ainda está na pauta dos jornais. Chamaria a atenção de muito mais gente para ela.
Repito que a revista pareceu perfeita para acolher os textos do Alexandre Soares Silva. Prevejo colaborações. O aristocrata do site ficaria orgulhoso e feliz. Na pequena lida dessa primeira edição, chamou atenção o texto sobre a bonita relação do Roberto Jefferson com seu pai, a matéria da Vanessa Barbara sobre pessoas que trabalham em telemarketing, o relato da Cecília Giannetti sobre sua nova vida em Nova Iorque, o Ivan Lessa soltando notas sobre sua volta ao Rio depois de 30 anos, e o Roberto Pompeu de Toledo em um ensaio sobre o papagaio, símbolo de nosso país. Esperava mais do Ivan Lessa, não curti o estilo meio anotação de blogueiro. Tem também um ensaio fotográfico sobre o PT no governo. Nada que já foi publicado retrata tão bem o que Paulo Brito conseguiu com suas fotos.
A revista cumpre muito bem o seu papel de trazer textos longos e bons para quem gosta de ler. Realmente, dá gosto. Tudo é extremamente muito bem escrito. É prazeiroso. Não existia algo parecido no país. Com certeza acompanharei as próximas edições, mas lerei tudo escondido e incomodado por ter de segurar uma cartolina na frente do rosto e lembrar dos tempos em que lia a Caros Amigos.