Camila Teixeira é uma brasileira que vive em Bordeaux na França. Ela já foi a dois shows do Mogwai esse ano. Um em abril na cidade de Tolouse e outro há três dias em Bordeaux. Ao visitar o blog e perceber que sou fã da banda, resolveu me torturar com um email comentando sobre os shows. Mandou umas fotinhas também. Confiram:
Em Bordeaux, como cheguei cedo, fiquei lá na frente, colada na grade. Tanto que deu até pra ver as goticulas de suor na careca do Stuart, ou então a pin-up colada no baixo azul piscina do Dominic, ou ainda a cabeça de uma boneca careca em cima do amplificador, do lado do teclado do Barry.Tudo começou com "Yes! I am a long way from home", meio que anunciando como seria o show. Numa comparação superficial com a apresentação de Toulouse, em abril, achei esta de Bordeaux mais intimista, se isso é possivel e se posso dizer assim. Três ou quatro das 14 músicas os caras tocaram sentados num banquinho. Já a qualidade do som foi fiel ao espírito do grupo: excelente e extremamente alto. Sim, eles ainda estão tocando muito muito muito alto. Aliás, numa matéria que saiu no Libération no final de setembro, o jornalista comenta que o volume nos shows so não é mais forte por respeito à lei, "o que para nos é frustrante", rebate Stuart.
Destaco alguns instantes de hipnose absoluta.
Como disse no outro email, "Friend of the night" é uma viagem, no sentido mais transcendental da palavra, e funciona maravilhosamente bem ao vivo. A evolução do piano parece valsa, sei lá, algo muito puro que se destaca no meio do ruido infernal das guitarras. Muito emocionante.
Mas foi "New Paths to Helicon Part 1", uma das minhas favoritas, a que realmente me absorveu, se é que você me entende. Carregadíssima de uma tristeza quase infinita, ao vivo ela começa meio timida, mas depois evolui e vibra forte lá no fundo da garganta. Na minha humilde opinião, se alguma obra, algum dia, soube interpretar o que é o pranto, essa obra é Helicon 1. De chorar copiosamente.
Depois deste momento raro e precioso, "Glasgow Mega-Snake", explosiva, deu um chute na porta, numa concisa manifestação de furia. Pra acompanhar, fizeram um jogo de luz muito forte, com dois ou três spots de luz branca piscando o tempo todo. Cegueira e transe total. No bis, eles voltaram com "Black Spider", do proximo disco, que vai sair em novembro. Só que antes, ela deve ser lançada num single, junto com "Half Time", por volta do dia 16/10. Faz parte das músicas que eles tocaram sentados. E a propósito, não sei se posso avaliar, já que ela foi bem curta. Quando comecei a pegar o ritmo, ela acabou. Vou ter que esperar sair o single pra poder dar minha opinião.
Fim do show com "Mogwai fear Satan", muito marcante, como sempre. Não entendo nada do aspecto técnico de um show, só sei que a cada vez que Stuart pisava no pedal, o som ficava cada vez mais pesado. Bônus: pequeno remix do finalzinho de "Mogwai fear Satan".
Pra resumir, se em Toulouse achei que eles estavam mais pra Gremlin, neste de Bordeaux acho que eles estavam mais pra Mogwai. ; - )
Falando em Toulouse, no final da apresentação, tentei pegar o setlist, mas um cara chegou na minha frente e ficou com meu objeto de desejo. Meu prêmio de consolação foi uma fotinha, aquela que te mandei no outro mail. Desta vez, como eu tava na frente de todo mundo, era o palco e eu, eu e o palco, foi minha vez de ganhar o setlist. To mandando um scan. Como você diz, morri.
Acho que o principal e resumidamente foi isso. Sinceramente, preferi o repertório de Toulouse, achei mais encorpado, com mais personalidade. Mas ontem, so pelo fato de ter rolado Helicon 1, já valeu o ingresso. : - )
Bjs e inté!
Bordeaux
Toulouse