Samjaquimsatva






Gabriel Pillar

Meus melhores amigos nunca moraram próximos a mim. Um último grande amigo que morou próximo, na mesma cidade, casou e se mudou para Alemanha. Esses meus amigos distantes são os meus melhores amigos. Eu os vejo em média uma vez a cada seis meses. A satisfação dura outros seis meses. Pode parecer coisa de solitário, mas é algo que passa bem longe disso. Estou falando de grandes amigos mesmo, daqueles que você nem precisa conversar, pois só a presença e o estado de espírito natural deles é como se fosse um alimento que faz muito bem para várias arestas da alma.

Esses meus amigos me fizeram descobrir e ter a coragem de ser o que sou. Foram o exemplo vivo daquilo que eu queria pra mim. Foram o rumo que eu olhava e sabia que, mesmo fracassando, era esse o caminho. Antes de serem meus amigos, eles eram uma espécie de ídolos. Com o tempo fiquei amigo, dividi a mesma mesa de bar, as mesmas risadas e pensamentos íntimos tão parecidos. Creio que eles dificilmente têm a noção do quanto me influenciaram e do quanto me fizeram bem. Eu penso o tempo todo nesses meus amigos. Lembro deles em diversos momentos do dia. Eles estão longe, muito longe, mas são tão amigos que parece que convivo diariamente com eles. É como se seus vultos me acompanhassem por aí.

Eu não tenho saudade física do Gabriel Pillar. Não tenho saudade do jeito dele, da risada dele, do abraço, da voz, da presença dele. Eu sinto falta de poder mandar um email para o Gabriel. De discutirmos o futuro do Insanus. De pensar em quem vamos convidar pra entrar pra comunidade. Tenho saudade de compartilhar minhas idéias com ele. O Gabriel que um dia me falou “E aí, Parada. Tá a fim de entrar pro Insanus?” E eu fiquei argumentando como meu blog era inferior aos outros, que não combinava, que não tinha conteúdo relevante para tal convite, etc. Lembro que, brincando, falei “E se o Insanus acabar? Não vou querer perder todos os arquivos do meu blog.” E ele respondeu “O Insanus nunca vai acabar, Parada. :-)”

Assim como o Insanus, o Gabriel nunca vai acabar pra mim. O Gabriel era um desses meus amigos que com sua inteligência me ajudou a crescer em vários sentidos. Por ele acreditar em mim, fez com que eu mesmo passasse a acreditar em mim também. E vocês sabem o peso que isso tem. Mas assim como acontece com todos meus outros amigos, eu não vou sentir saudade do Gabriel. Assim como esses meus amigos, vou continuar lembrando dele diariamente. Vou continuar aprendendo com ele diariamente. Porque meus melhores amigos são como vultos que me acompanham aonde quer que eu esteja. E o Gabriel era um desses meus amigos. Obrigado, cara.