Eu penso muito sobre como as emoções se tornaram um tipo de commodity cultural, que pode ser oferecida para consumo do público. Por isso, pessoas comuns são cada vez mais usadas em shows de TV, justamente porque as emoções que nos oferecem parecem mais genuínas do que as vividas pelos personagens da ficção. (...) Nós censuramos o programa (Big Brother) porque pessoas de verdade são forçadas a viver situações extremas de estresse para o entretenimento de outros, mas permanecemos em frente da TV porque é fascinante ver como aqueles confinados reagem. Eu detestava o Big Brother até o ano passado, quando me peguei assistindo ao programa todas as noites, exatamente porque me interessei pela história de um sujeito em particular.
Stuart Walton, historiador e autor do livro Uma História das Emoções (Record), em entrevista ao Estadão sobre a evolução das emoções. É talvez a melhor opinião que saiu em um jornal sobre o Big Brother - enquanto essa da Folha foi a pior, critica e ao mesmo tempo traz várias imagens do Alemão nu.
Esse Big Brother darwiano foi o melhor de todos. As tramas em si não se diferenciaram muito das novelas da Globo, mas certamente parecem mais genuínas que a maioria dos folhetins que a emissora produz. Esse foi o melhor programa porque Alemão foi o melhor personagem até então: carismático, bonito, complexo e inteligente. Boninho acertou ao evitar que algum desfavorecido, oprimido ou ingênuo novamente causasse apelo ao público.
E ninguém fica imune ao Big Brother. O maior exemplo disso é a quantidade de crítica que o programa recebe. É só dizer que você gosta de Big Brother pra sentir isso. Gosto de perceber como a indústria do entretenimento consegue incomodar desde o mais intelectual e fascinar o mais simples com um magnetismo tão parecido. Ninguém escapa.