Samjaquimsatva | |
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Michelangelo Antonioni Ontem Bergman, hoje Antonioni, aos 94 anos. Dele vi só A Noite. O triste tédio arruinando um casal. A leitura da carta no final é um tremendo clássico. E se ontem foi Bergman e hoje Antonioni, lamparinas já estão trabalhando para a longevidade de Woody Allen. E Pinheiro comentou a morte de Bergman, em inglês: "Why is he so good? Just look at one frame of it." Ingmar Bergman Conheci os filmes do Ingmar Bergman graças ao Eduardo Pinheiro. Até hoje lembro como fiquei deslumbrado em sua casa ao ver como aquilo na tela se aproximava da mais perfeita das pinturas. O filme no original em sueco, sem legenda, e impossível de tirar os olhos. Os closes nos rostos das mulheres. Elas se mexendo. Bergman pra mim é sinônimo de perfeição. Insuperável na fotografia. Na profundidade psicológica. Lembro que na época O Sétimo Selo não bateu de primeira. Foi Persona que me pegou de jeito. Cinema nenhum era parecido com aquilo. Gritos e Sussuros e Morangos Silvestres estão entre os clássicos imperdíveis. Não vi mais por não ter acesso. Foi Bergman também quem me fez ver quase todos filmes de Woody Allen, que foi buscar seu diretor de fotografia para fazer seus filmes. Bergman morreu hoje, aos 89 anos, em sua casa na Suécia. Eis o obituário do New York Times, a notícia no Estadão e um artigo de Woddy Allen no New York Times de 1998 sobre ele. Um tanto frio A Calça Alta de Faulkner Meus livros do Faulkner estão praticamente intocados na estante. Só às vezes pego o Palmeiras Selvagens para olhar esse retrato do autor feito pelo Henri Cartier-Bresson nas costas da primeira página do livro. Essa calça acima do umbigo com esse cinto fino segurando só é possível ficar bonito em alguém que transmite tanta integridade assim. Não conheço nada da vida dele, mas é o que me transmite. Então fico feliz e satisfeito e fecho o livro e o coloco de volta à estante. Penguin Design Award A Penguin Books quer incentivar estudantes de design a investirem seus talentos em design editorial. Esse é o objetivo do Penguin Design Award, que acaba de anunciar seus primeiros ganhadores. O vencedor irá passar seis semanas trabalhando no estúdio de design da editora. Não é nada fácil criar capas tão diferentes que remetam ao estilo inconfundível dos livros da Penguin. (Valeu, Ieda!) Vende-se Eduf O caderno Link do Estadão fez uma matéria com o Eduf. A matéria era pra ser sobre o blog Magaiver, que estreia em agosto no iG, e irá tratar do tema tecnologia e stress. Acabou saindo um perfil do Eduf contando sua trajetória na internet. Fico feliz em saber que o budismo foi inspiração para o novo blog e talvez para os novos rumos do grande mestre. Mesmo hoje lembro bem da primeira conversa que tivemos sobre budismo no metrô lotado de São Paulo, no dia em que mais andei a pé em minha vida. Envy é coisa séria Subiram os japas no palco e tratei de me concentrar neles. O guitarrista que estava mais perto de mim apresentou um belo conjunto de pedais, o que me deu esperança. No centro, o vocalista ajeitou seu sintetizador, o que também foi bom sinal. Aí eles começaram. No decorrer da primeira música, meu sorriso parecia que ia rasgar, tamanha minha alegria por não estar perdendo aquilo. Quando essa música de abertura acabou, eu estava quase chorando, provavelmente mordendo o punho ou tapando a boca aberta, em choque. Tímpanos já avariados. E esse é um parágrafo completamente literal. O Nego foi no show do Envy. Eu já falei do Envy aqui? Não, mas já no blog antigo. E o que o Nego viu foi algo parecido com isso aqui. Acho que Envy é o único produto cultural japonês que eu levo a sério. Cosac Naify e Clarah A Cosac Naify está investindo bonito em gente boa e nova. Angélica Freitas, Veronica Stigger e agora Clarah Averbuck, que lançará seu Eu Quero Ser Eu, um livro para adolescentes. Respirar de novo O acidente da TAM culminou com o fim da leitura do The Road. Por dois dias acho que fiquei meio fora da casinha. Com uma pressão enorme sobre tudo que diz respeito a minha vida. Talvez por um desespero de não ser uma fraude. Questionando tudo, de maneira sufocante, aterradora. Talvez inconscientemente foi isso. Uma tentativa para tentar segurar e manter tudo. Tão inútil. Um medo de uma criança. E as coisas não são assim. Viver é um dia após o outro. Além disso, tudo nos foge. Não adianta. É só vivendo. E é sem rascunho. Por isso do peso de cada ato. Sim. É assim. Claro. Viver. Lembrei. Ok. Ei, obrigado. Mesmo. Por me fazer lembrar. Foi como respirar de novo. Eu fiquei respirando fundo, quase bufando. Foi como se respirar nunca tivesse tido tão bom antes. Pois é. Que coisa, a gente. Ufa. Curitiba – breves impressões O centro de Curitiba impressiona pela quase total ausência dos sinais de decadência típicos dos centros das grandes cidades brasileiras. No centro da cidade há hotéis cinco estrelas, ótimos restaurantes, cafés finos, joalherias caras, tudo equilibrado com as lojas de roupas, eletrodomésticos e botecos populares. É bonito o equilíbrio de tudo isso bem no coração da cidade, e não distante em shoppings ou bairros privilegiados. E como as pessoas se vestem bem por lá. O vendedor de loteria usa sobretudo, gravata, cachecol. Todo mundo na cidade parece ter estilo. É incrível a quantidade de pessoas muito bem vestidas de manhã no centro a caminho do trabalho. É quase inevitável ficar achando o seu guarda-roupa um lixo, mesmo quase não ligando pra isso. Na Boca Maldita, praticamente todos os senhores da terceira idade se vestem muito bem. E as roupas lhes imprimem uma incrível dignidade. Os meus lugares imperdíveis pra se conhecer sempre acabam em bares e restaurantes. Então vou começar pelo melhor de todos. Anotem aí esse nome: Barolo Tratoria. Tetracampeão como a melhor comida italiana da cidade pela Veja. É difícil de descrever. Imaginem uma massa de raviole sendo tão saborosa quanto um medalhão de filé mignon macio e absurdamente alto. Imaginem isso sendo possível – é assim. Taco El Pancho é um divertido restaurante mexicano com ótima comida também. Dá um banho em Friday's da vida no quesito mexicano, além de ser muito mais barato. Aliás, como todos os restaurantes e bares da cidade. Além da incrível qualidade (e quantidade), os bares e restaurantes de Curitiba são convidativos pelo preço. No quesito chopp, o Schwartzwald – famigerado bar do alemão no centro antigo – é realmente imperdível. Valeu pelas indicações. O chopp branco com steinhaeger e chopp escuro com conhaque é algo diferente e muito bom; respeitei seu poder embriagante. Há também o Sheridan’s Irish Pub, que serve chopps importados, tendo como o mais famoso o pint de R$ 17 de Guinness, o melhor pior chopp que já tomei. De passeio, a viagem de trem Curitiba-Antonina é boa mesmo com a neblina cobrindo toda a paisagem. O Parque Tanguá eu achei mais bonito que a Ópera de Arame e o Jardim Botânico, antigo conhecidos. O Memorial Ucraniano é simples mas tem uma paz diferente que agradou. O Museu do Expedicionário eu não fui ver, fica pra próxima. Voltei Campinas, aqui me tens de regresso. Em breve, elogios a Curitiba. Férias Curitiba, lá vamos nós! Até daqui uma semana. The Cramps no hospital psiquiátrico O excelente blog de neurociência Mind Hacks lembrou hoje do lendário show que a banda punk The Cramps fez em um dos maiores hospitais psiquiátricos da Califórnia, o Napa State Mental Hospital, durante sua turnê de 1978. No final da primeira música, o vocalista e líder da banda Lux Interior fala aos pacientes: "Nós somos o The Cramps, nós somos de Nova Iorque, nós dirigimos 3.000 milhas para tocar para vocês." E recebe um sonoro e clássico "Fuck you" como resposta. Depois de um pequeno sorriso, ele completa "E alguém me disse que você são loucos! Mas eu não tenho tanta certeza sobre isso; você parecem estar bem normais para mim." E emendam a música "The Way I Walk". Está tudo no Youtube. É lindo todo mundo dançando e o caos típico dos shows de punk tomando conta do lugar. Réplica a Dalton Trevisan Prezados, estarei na próxima semana em viagem a Curitiba. Ficarei a semana toda. Por acaso vocês teriam alguma indicação de lugares que valem a pena visitar? Somel Doceria Atendendo a pedidos, fui hoje à tarde na Somel Doceria, uma empresa familiar da minha cidade que fez sucesso inicialmente com seu incrível pão de mel e que agora produz vários tipos de doces finos, todos artesanalmente. O aprendiz de doceiro e designer Guilherme Lemos, responsável pelas idéias de doces e pelo lado sentimental que os sabores remetem. Quebrando o chocolate que começa a ser derretido muito lentamente. Esse morango ia afundando bem devagar. Adorei voltar na Somel depois de tanto tempo e ver como as coisas estão progredindo por lá. Um mínimo de NoMínimo NoMínimo era uma das poucas provas de que ainda havia alguma inteligência nesse troço, nesse paisão aí. Foi-se. Acabou. Não tem mais. Como “fica para a próxima”? Como “até breve”? Então acham mesmo que há a possibilidade de uma entidade patrocinadora, de um anunciante esclarecido, vir a perceber que sem inteligência não vai acontecer coisíssima alguma nesse bostoso Bananão? Ivan Lessa, em sua coluna na BBC Brasil, sobre o fim do NoMínimo. Escritores da Flip no Roda Viva Alguns dos escritores que participarão da Flip esse ano serão entrevistados pelo Roda Viva na TV Cultura. A exibição dos programas: Segunda-feira 9/7 às 22h40: Guillermo Arriaga Germano Alta Costura Levei a câmera nova para visitar o Germano, o alfaiate mais antigo da minha cidade. Na foto ele passava uma calça recém reformada com um ferro que tem mais de 40 anos e pesa nada menos que 8kg. Só depois fui perceber como ele passava a calça sem fazer força alguma. O Germano e seu corte de cabelo estilo italiano impecável. A cadeira também com mais de 40 anos onde ele costura. Na verdade ele parou de fazer ternos, agora reforma coisas pequenas só aluga os ternos. São mais de 500 feitos por ele. As gravatas sob um mostrador de vidro. Cautelas Como se não bastasse minha enorme vontade contida de ir visitar a exposição "Cautelas" do J.R. Duran na Galeria Leme em São Paulo, o jornalista Fred Melo de Paiva escreveu um perfil do fotógrafo para o caderno Aliás do Estadão do último domingo, intitulado "A morte de Rigel Dantas". A exposição, formada só com fotos do arquivo pessoal de Duran, foi inspirada em um ensinamento religioso que ele recebeu quando criança, quando o professor citou San Juan de La Cruz, um frade carmelita que dizia que para a alma alcançar a espiritualidade era necessário resistir às três tentações: o mundo, o demônio e a carne. Foi a representação dessas três coisas que Duran buscou. O resultado é uma mistura de sangue, armas, corpos e carnes. É perturbador de uma maneira muito original. Abaixo, uma mostra do resultado:
Os Simpsons - nova temporada Pudera eu sempre acompanhar na Fox a nova temporada dos Simpsons. Ontem no episódio em que o Moe era um poeta, numa paródia da pompa da alta literatura americana, apareceram os escritores: Tom Wolf, Gore Vidal, Jonathan Franzen, Thomas Pynchon e Michael Chabon. Simpsons é pura alta cultura. Além de proporcionar o prazer de morrer de rir vendo, junto com meus pais, um desenho. Ah, a cultura norte-americana. Cormac McCarthy na Oprah e Thomas Pynchon nos Simpsons. Até esqueço o que eles fizeram com o rap. Aqui, um trechinho do espisódio no Youtube. Em casa Hoje de manhã ouvi música por 3h30 durante a viagem de carro pra casa. Em plena abstração, três macaquinhos na beira da estrada me lembraram que já estava chegando. À tarde, a campainha tocou e não sabia que era a campainha. Procurei por um celular. Quando atendi não sabia abrir o portão automático. Conversei com um parente pelas frestas do portão. Depois fui de bicicleta até minha avó. Tomamos chá de erva cidreira com pão de batata, que achei que era de mandioca. Ouvi histórias inéditas sobre os pais e avós dela da Itália. Ela cantou uma música da época que nunca tinha ouvido, enquanto "tchutchava" o pão no chá. Na sala, Galvão Bueno gritava os gols do Brasil. Não tive a mínima curiosidade de levantar pra ver. Na calçada, montando na bicicleta, dei tchau pra minha avó e ela em sua poltrona devolveu o tchau pra mim. Adoro demais minha avó. Adoro ficar olhando pra ela, pras roupas delas, pro fogão, pro bule, pros armários, tudo na casa dela. Pedalei de leve de volta pra casa contra o ventro frio. Cheguei gelado em casa mas esquentei rápido. Escrevo. Minha mãe vem até o escritório, senta no meu colo, me chama pra ficar na sala com eles e eu vou. |
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