"Se eu achasse que você possui os dons de um artista, não hesitaria em exortá-lo a abrir mão de tudo em nome da arte. A arte é a única coisa que importa. Em comparação com a arte, riqueza, posição social e poder não valem nada. [...] Evidentemente, percebo que você tem se esforçado muito. Não pense que isso foi um desperdício. Sempre será pra você um prazer tocar piano, e isso lhe permitirá apreciar as execuções grandiosas como nenhuma pessoa comum pode ter esperança de fazer."
Trecho dito pela a pianista Lea Makart a George, um filho da nobreza emergente da Inglaterra que teve o desejo arrebatador de se tornar pianista. A família concordou com uma ressalva. Ele iria para a Alemanha estudar música e voltaria após dois anos para se submeter a avaliação de um pianista profissional. Após dizer o trecho acima, ela fez questão de ressaltar que George não se tornaria um excelente pianista "nem em mil anos". Ainda assim achei o trecho tocante. A história faz parte do capítulo "Razão e Sensibilidade: A variação da musicalidade" do livro Alucinações Musicais (Companhia das Letras) do neurologista Oliver Sacks.