Não comemoro o dia dos namorados, mas hoje estava de folga e fomos ver The curious case of Benjamin Button no cinema. Tentando evitar a fila para comprar ingresso e o atrolho geral, fizemos tudo pela internet. Pecado que a fila para retiro de ingressos também era longa... De qualquer forma, entramos e assistimos ao filme. Na Italia existe uma coisa que eu não suporto muito, mas que normalmente te da uma experiência sempre nova, o intervalo. São aqueles 5 ou 10 minutos que uns vão ao banheiro, outros compram mais pipoca e tu te olha em volta. E foi assim que eu descobri o meu sensível vizinho de poltrona, com um livro aberto, muito concentrado e me dei conta que tinha escolhido aqueles dois lugares justamente porque ao lado tinha uma só cadeira vazia. Pensei, que tipo particular esse meu vizinho, sem nem mesmo ter visto o seu rosto. Provavelmente uma pessoa irrequieta, que deveria assistir àquele filme e mesmo assim avançar com a leitura. Provavelmente um livro delicioso, daqueles que tu não consegue te afastar nem mesmo enquanto estás fazendo outra coisa. Provavelmente um filme imperdível, que deveria ser visto mesmo enquanto ele estudava. Sábado à noite. Dia dos namorados. Uma poltrona vazia no meio de tantos casais que procuravam o romance de Brad Pitt e Cate Blanchett e ele que não queria renunciar a oportunidade de estar ali. Com o livro, que o fazia evitar de olhar em volta, na hora do maldito intervalo, e de ser descoberto como o único single da sala. Ou talvez fazia de propósito, rebelde. O livro representando o quanto ele não se importava de que fosse san valentino, ou sábado à noite, ou mesmo de sair sozinho. O quanto ele desprezava o fato de ter que estar acompanhado nessa data tão comercial. Não sei. E nunca vou saber. Só sei que apesar de todos os seus motivos para estar ali sozinho e com o livro para disfarçar, ele chorou no final.