Uma nação de malabaristas
Já repararam que esses projetos tipo Criança Esperança não ensinam ninguém a ler, estudar, trabalhar, dar um jeito na vida? Com a propaganda em massa em cima de mais um mega-evento, todo o santo dia os jornais da Globo dão uma matéria sobre os "tantos projetos apoiados pelo Criança Esperança no Brasil". Primeiro que duvido dos números. A emissora divulga 4.840 projetos desde 1986 (não, você não é um ET: eu também NUNCA vi nenhum deles). Mas vá lá, que sejam centenas, milhares, que sejam até milhões. O problema não está na quantidade, mas na qualidade.
Pelo que tenho visto na propaganda oficial, a única coisa que essa "geração esperança" está aprendendo a fazer é malabares, pular em cama elástica, pintar quadros, jogar futebol e dançar axé. Nada contra as atividades em si, afinal, sou artista e acho que isso é mais do que fundamental. Mas, convenhamos, se o objetivo da história toda é a inclusão social, o foco deveria estar na educação. Ora, de uma turma de 100 crianças, quantas realmente irão ganhar a vida chutando uma bola, melecando um pincel ou jogando alguns objetos pro alto? Três? Cinco? Dez, quando muito? O aproveitamento em uma sala de aula seria melhor. Se não sairiam de lá dez Einsteins, ao menos eles aprenderiam a ler, escrever, ter civilidade e respeito pelo ser humano. Não tenho a menor dúvida de que as letras fazem mais efeito do que todo o resto, nesses casos.
A azucrinação em torno do Criança Esperança está demais, é propaganda em excesso pra resultados meramente pífios. Sabe quantos projetos o Criança Esperança apóia, este ano, no Brasil? 64. Chega a ser ridículo.