No debate: Alckmin
Ele passou a campanha toda como um desconhecido nacional.
Ele fala em taxa tributária, imposto regressivo, gestão. Alckmin não fala exatamente pras pessoas. Alckmin watts, megawatts, Alckmin Bolívia gás.
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Ele passou a campanha toda como um desconhecido nacional.
Ele fala em taxa tributária, imposto regressivo, gestão. Alckmin não fala exatamente pras pessoas. Alckmin watts, megawatts, Alckmin Bolívia gás.
Cristovam é uma educação que só. 22h46 ele diz que a revolução na educação é uma "revolução doce". Ele quer uma saída para o Pacífico. Cristovam é fofo. Se as crianças votassem dava Cristovam no primeiro turno. Cristovam é o tio Jorge.
Heloísa Helena tenta ser doce, mas com 20 segundos de discurso ela engata a quinta marcha. Heloísa dinamiza a cultura nacional, deseja o inferno aos banqueiros, excomunga os moleques de recado. Heloísa é movida à paixão. Heloísa fim do ciclo do petróleo, biodiversidade, Amazônia. Heloísa discursa, come a pergunta, é pega pelo tempo. Ela quase chora.
(...)
Acabo de ver na TV mais uma propaganda sobre iogurtes. Mas não iogurtes normais, aqueles iogurtes que prometem melhorar a flora intestinal, digamos (grosso modo) fazer você ir ao banheiro com mais regularidade. Tem certos nichos de mercado que jamais pensei existir. Tudo bem vender automóveis, casas, cirurgias plásticas. Mas vender a possibilidade de se fazer um bom cocô é realemente admirável.
As cores do cenário e das embalagens seguem um padrão, verdes, ameixas, o logotipo tem vértices pra baixo. No video eles sabem aproveitar bem essa característica, colocando sobre os vértices setam animadas que se movem pra baixo, passando a sensação de que na descida todo santo ajuda.
A publicidade e o investimento em cima do iogurte do cocô é alta. A aposta inclui até mesmo uma espécie de seguro sanitário: você compra o produto e consome por um certo tempo. Se ele não fizer efeito, toma lá seu dinheiro de volta. Maravilha. O problema e conseguir ler as letras miúdas do comercial.
Passa a propaganda e começa o horário eleitoral. Haja iogurte.
Tem certas coisas que eu não entendo. E também sei lá se quero entender. Enquente de capa do Terra na semana passada perguntava "Qual deve ser a prioridade do novo presidente?". Entre as opções, segurança, emprego e educação. Calejado de tanto cobrir os ataques do PCC em São Paulo, dei por certa a vitória da 'segurança' - até por que o forte de audiência do Terra está em São Paulo. Pra minha surpresa, lá estava 'educação' em primeiro lugar, despertando interesse, movendo consciências.
Lindo, se não fosse inexplicável. Como diabos as pessoas priorizam a educação e não votam no Cristóvam Buarque? O cara SÓ fala em educação. Tudo bem que ele não é um poço de carisma e totalmente desconhecido no País, mas ele está com cerca de 1% nas pesquisa. UM PORCENTO?
O horário eleitoral prova o que há muito se vê, os políticos parecem jogadores de futebol saindo do campo, com o mesmo discurso pronto, o mesmo viés, o mesmo tom, as mesmas... baboseiras. Dia 1º vamos viajar, por favor. Fiquem longe de seus domicílios eleitorais, justifiquem o voto. Votar é patético.
Depois do Super Trunfo de Santos Católicos agora é a vez de cartas estampadas com políticos brasileiros virarem motivo pra brincadeira. Está lançado na rede o Super Trunfo dos Políticos Brasileiros, continuação de uma bem sacada abordagem pra temas tidos como sérios.
É só ler as regras, baixar as cartas e se divertir. Aqui.
Sei que muitos já devem ter visto, mas resolvi fazer uma pequena compilação dos vídeos Tapa na Pantera. Um já clássico, divertidíssimo.
O blog anda ranzinza demais, so, enjoy.
Quem mora em Porto Alegre e se orgulha do fato de a cidade fazer parte de um certo "roteiro internacional de shows" já deve ter percebido que essa realidade entrou em franca decadência. Desde o ano passado, o número de grandes espetáculos começou a rarear, e este ano eles simplesmente desapareceram. Mudança e tanto pra quem estava acostumado a ver por aqui estrelas internacionais do peso como Eric Clapton, Rogers Waters, Red Hot Chilli Peppers e Lenny Kravitz - e até mesmo os artistas brasileiros mais caros do momento, como Ivete Sangalo, Skank e Zezé Di Camargo & Luciano.
Acontece que muitos desses mega-shows eram patrocinados indiretamente pelo governo estadual por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a LIC, que anda em crise. Criada inicialmente para promover a cultura do Estado, a LIC foi totalmente desvirtuada. Pelo menos o objetivo moral da história. Ao dar uma olhada na planilha de gastos da Lei, observa-se facilmente que áreas como folclore e artes plásticas já nasceram escanteadas pra que grandes eventos de massa pudessem ser realizados. Eventos esses promovidos e devidamente lucrados pela iniciativa privada, diga-se. Na lista dos maiores captadores de recursos da LIC, as principais produtoras de shows do Estado estão invariavelmente entre as dez mais, gastando recursos que deveriam financiar a cultura original, nova, criativa, em vez de priorizar espetáculos de valor duvidoso, como um show de um artista já consagrado que, na prática, dá lucro sem precisar de lei alguma. Além de espetáculos musicais isolados, a LIC também ajuda a financiar coisas como o festival-de-verão-anual-de-uma-grande-rádio-que-você-sabe-qual-é, e dezenas de projetos que poderiam muito bem correr por conta e risco de seus realizadores. Francamente, não vejo vantagem em usar meu imposto pra trazer o Charlie Brown Jr. pro litoral gaúcho.
Até mesmo em projetos que a Lei de Incentivo parace cair como uma luva cabem alguns questionamentos.
Kerbs, oktoberfests e rodeios
Eventos que cobram ingresso, comercializam uma quantidade sem tamanho de produtos e serviços e deveriam ser auto-sustentáveis. Como sempre foram realizados, mesmo antes da existência de qualquer tipo de lei de incentivo, qual o motivo para pedirem (e ganharem) dinheiro do Estado? Há como fazer sem ajuda oficial.
Patrimônio Histórico e Cultural
Leia-se prédios que, em geral, são do governo, e deveriam ser mantidos por ele, sem raspar o dinheiro da Cultura.
Esse terreno é pantanoso, mas pra mim é muito claro que a LIC não deveria ser usada pra isso. Por que o Governo Federal não pode manter a estrutura histórica dos prédios da UFRGS? Aquilo é uma universidade e, antes de tudo, um conjunto de prédios funcionais, salas de aula. Por que alguns prédios da administração estadual precisam usar verba da Cultura para reformar paredes? Pra ambos os casos há impostos que deveriam ser refletidos em verbas específicas pra manuntenção. Não há lógica em usar incentivos da Cultura no restauro de prédios. O argumento de que eles próprios fazem parte da cultura não cola. Uma árvore centenária faz parte da cultura e não precisa de incentivo algum pra ser podada. O calçamento da Rua da República (feito ainda por escravos) faz parte da cultura. Quer dizer que se o Demae abrir um buraco pra consertar um vazamento qualquer vamos acionar a LIC pra reordenar as pedras da via? No mundo ideal talvez sim, mas não no Brasil, onde muitos projetos novos são inviabilzados por falta de dinheiro.
Essa seção (Patrimônio Histórico) é a que mais gasta os incentivos da Lei, toma frequentemente mais de 20% do bolo, fatia que poderia fazer nascer milhares de novas peças teatrais, livros, filmes, discos, revistas, festivais de cultura, exposições e etceteras.
Nessa área entra algo ainda mais problemático. O Estado ajuda, por meio da Lei, a restaurar igrejas, sobretudo as católicas. Ora, a Igreja Católica é uma entidade PRIVADA, com claros fins lucrativos, investidora conhecida, sócia de mega-empreendimentos e detentora de uma reserva de ouro do tamanho do Bom Fim. Além disso, tem bilhões de fiéis ao redor do mundo que pagam dízimo (mensalidade). Não há lógica em dar dinheiro para reformar igrejas. Seria algo equivalente a pagarmos para reformar a sede social de um clube. Sem pé nem cabeça.
* * *
Não vou repetir a história "Pavarotti x Anahy de las Misiones", leiam nos originais do Giba Assis Brasil. Ele também joga outras luzes sobre a questão.
Está mais do que na hora de rediscutir essa Lei.
O que estraga tudo é a cara de artista. Já reparou que tá todo mundo com cara de artista? É cada vez mais freqüente ser encarado como um estranho estando só de camiseta, tênis e calça básica. Logo a minha geração, que nasceu dentro da calça jeans, anda sofrendo a angústia reversa de ser simples de mais. Hoje em dia, ou você tem cara de artista, ou vai em festas psy, ou vai ao trabalho como se fosse pra uma entrevista de emprego, ou é emo. Se estiver indeciso, o melhor é ser isso tudo ao mesmo tempo. A coerência anda em baixa, o que vale é comprar roupa rasgada por duzentos contos e fazer cara de estragado. É cool ser estragado. O que parece o ápice da liberdade de expresão, na verdade, anda broxando a vida da gente.
Há pouco tempo atrás, você tinha que conquistar o direito de ser excêntrico. O que pode parecer excludente na verdade é um prêmio ao esforço ou à aptidão nata. Não era todo mundo que poderia andar por aí com as roupas e os bigodes do Salvador Dalí ou com o terno amarrotado de Sartre. Pra não virar piada era preciso, antes de tudo, ter talento. Hoje, primeiro se dá um jeito no visual, depois se tenta arrumar talento em alguma área, nem que seja em tirar auto-retratos com cara de gostoso e publicar no Orkut com uma mensagem "Só add quem conheço".
A cara de artista não anda só broxando a vida, mas também sepultando tradições até que bacanas. O cabeleireiro, por exemplo, está sumindo. Hoje ele se chama Hair Stylist. Nos salões, você pode dar um tapa na juba, comprar uma camiseta caríssima e comer uns bolinhos. Salão de beleza virou lugar pra se estar in. Não à toa, ta cheio de gente com o cabelo parecido com um brioche por aí. É o risco que se corre.
Talvez essa geração saiba curtir a vida com menos grilos, com menos preconceitos, mais aberta, menos muros. Talvez essa geração seja até melhor que a minha, se é que existe isso. Talvez. Mas, ao mesmo tempo, admitindo-se todas as personalidades, admite-se também que as personalidades se diluem. É a geração Ctrl C + Ctrl V - de manhã você vai ao colégio de camiseta do Iron, de tarde namora uma garota de 13 anos ao som de um emo qualquer e de noite toma uma bala pra curtir a festa psy. Não cobro coerência, mas assim também já beira à falta de cara.
Adapta-se conforme a música, acerta-se a luz conforme o ambiente, e vamos embora por que quem fica de fora está, literalmente, por fora. Talvez por isso a música eletrônica pra dançar ocupe cada vez mais corações e mentes. Hoje em dia, há menos pessoas no mundo dispostas a ver outro alguém no palco. A onda é se arrumar de um jeito "diferente", tomar bala e dançar até de manhã pra tentar ser notado. Acho que anda todo mundo com síndrome de querer SER o artista, e não mais VER a arte. O que atrapalha é, o que atrapalha, é sempre a cara de ... deixa pra lá.
Que o presidente do Irã tente se tornar uma liderança no Oriente Médio e passe o dia brincando de inimigo público número 1 dos EUA, tudo bem. Até me divirto vendo essa batalha de frases, principalmente quando ele insiste em ter a bomba atômica, como uma criança que bate o pé pra ganhar um doce. O argumento de Mahmoud Ahmadinejad (saúde!) é até convincente: quer país mais maluco, sórdido e mal governado do que os EUA? Afinal, qual foi a única nação capaz de usar a bomba atômica pra retaliar um ataque insignificante de pilotos suicídas japoneses?
Agora, o que me preocupa em tempos de Israel em guerra é essa incipiente volta dos auto-proclamados "revisionistas". Ahmadinejad deu seu metro de contribuição, hoje, ao defender que o massacre dos judeus durante a Segunda Guerra não foi sombra do que conta a história. A idéia não é nova e desde o final da guerra "escritores" defendem que não foram mortos os tais 6 milhões de judeus. Mas afinal, de que importa o número? Seria justificável se fossem três milhões, quem sabe dois ou um milhão? Seria justificável se fossem DEZ judeus? Fato é que a Alemanha montou um aparato de matança pra "limpar" a nação. Ao povo, foi dada a desculpa da pureza racial. Nos salões do governo, o motivo era pura e simplesmente econômico: havia gente demais e emprego de menos em um país que, pouco antes de Hitler, as pessoas ia ao supermercado com carrinhos de mão cheios de dinheiro para comprar pão. Pra se ter uma noção, em 1921 eram necessários 64 marcos alemães para comprar um dólar. Em 1923, para se obter o mesmo dólar, seriam necessários 4 quatrilhões e 200 trilhões de marcos. Quatrilhões. A situação alemã melhorou, é fato, mas não pela matança insana, e sim, pela própria lógica da indústria da guerra - que, aliás, sempre manteve os impérios desde que o mundo é mundo.
Tantos anos depois, é triste ouvir o presidente eleito de uma das mais importantes nações do Oriente Médio defender essa idéia maluca, que Israel (e seus habitantes) mereceram e merecem o extermínio por serem usurpadores da humanidade. Ahmadinejad ainda acredita que os judeus são um bando de lunáticos organizados que fazem de tudo por dinheiro. O pior é que esse assunto tá com cara de que vai esquentar, e muitos outros Ahmadinejadres estarão de prontidão a defender essas imbecilidades. Atenção, por favor.