Agradeça ao You Tube
A avalanche de entrevistas e reportagens sobre a venda do You Tube trouxe à tona uma discussão que este blog já havia abordado.
O fenômeno You Tube, assim como o Flickr ou o My Space, evidenciam uma das principais características dos dias de hoje: a vontade de transformar vidas normais em superexistências. Ao publicar vídeos, fotos e textos na rede, o cotidiano de um garoto de 15 anos não corre mais o risco de passar em branco. Ao expôr seus pequenos fragmentos de existência, ele pode se tornar de imediato o mais novo superstar do bairro - ou, ao menos, do colégio em que estuda. Sem graça mesmo é a vida de quem não tem computador no quarto. A brincadeira geral é o auto-retrato em frente ao espelho e a mensagem "antes de add deixa scrap" no Orkut, outra arma da promoção pessoal.
Assim como é capaz de supervalorizar vidas de todo o modo sem graça, o potencial de fagia da rede consegue transformar os astros em meros mortais, pecadores, feios, cheios de espinhas, bêbados, drogados, afetados, falíveis e nem tão legais assim. A quantidade de flagras postados na rede é cada vez maior e a sensação que tenho é que, num dia logo ali na esquina, todos os deuses descerão do Olimpo - ou nós é que subiremos lá pra comer uva com os pés na mesa de centro.
Vai ser lindo.