Síndrome de elevador
Tenho uma coisa com elevador. Quando entro sozinho em um, me dá medo. Sempre acho que vai acontecer uma pane inesperada, a porta vai trancar, ele vai parar no meio do andar, vai faltar luz. Elevadores mudam até mesmo minha personalidade: se eu estiver em um e você precisar que eu segure a porta, bau bau. Em elevadores, quanto menos gente melhor - vai que o troço cai por excesso de peso.
Quando estou em um elevador tento me concentrar nas coisas que tenho pra fazer na semana, aproveito pra ter alguma idéia, pensar em como cortar algum gasto pessoal, compôr uma canção, escrever algo.
Dia desses o elevador da empresa me fez lembrar que viveremos mais um Big Brother. Quase no sexto andar tive uma sensação de alívio por saber que o programa já está na sétima edição. A longevidade o incorporou ao nosso cotidiano e, hoje, ignorar um Big Brother é tão fácil quanto ignorar uma novela, o Globo Repórter ou os (péssimos) programas de humor da Globo. Depois de tantas edições, afinal, já fica bem claro quem gosta e quem não gosta de se espelhar na frente da televisão. Eu, sinceramente, não não tenho nenhum amigo que gosta (cortei relações com os que assistiam já na terceira edição).
Apesar de não acompanhar o programa, pude notar que a edição deste ano quebra os dois paradigmas mais importante da história do "jogo" no Brasil. Ao contrário das outras vezes, em 2007 você só verá gostosas e saradões na tela. Chega de colocar a tia, a gorda e a desajustada pra dar "equilíbrio" na casa. Os gordinhos, os feiosos, os fora-de-padrão também não tem mais vez. Foi adotado o casal-padrão "modelete e bombadão de academia", um sinal claro de que a direção do programa resolveu assumir que o espectador de Big Brother quer mesmo é comer as gostosas e dar para os gatões. Quem vê o programa gosta é de uma bela putaria familiar sob os lençóis.
Outra mudança importante é que nenhum dos participantes me pareceu preocupado em esconder suas intenções. Pelo que vi nas propagandas, todos deixam bem claro que, por um milhão de reais, topam cara feia, aceitam dar rasteiras, não estão nem aí pra moral. A ordem na casa, ao que parece, será a do quem pode mais chora menos. Ao menos não fica aquele jogo de mentirinha, do tipo "a gente vai ser amigo fora daqui". Os novos participantes já sabem que isso não funciona e que o Big Brother é, de fato, talvez a única chance que um Zé Roela tem pra se dar bem na vida.
Agora vai dar uma espiadinha, vai.