Passei o final de semana em Quebec, cidadezinha francesa a algumas horas daqui. Com a neve caíndo e as luzes já piscando nos pinheiros o lugar mais parece um cartão de natal que qualquer outra coisa.
Encilhem suas renas e vejam todo o album aqui.
Após alguns meses de pressão em cima do primeiro ministro Paul Martin, a oposição conseguiu passar no final da tarde de ontem uma moção de não-confiança contra o atual governo liberal. Pela tradição, Martin foi obrigado a renunciar o cargo e pedir a dissolução imediata do parlamento à coroa, aqui representada pela Governadora Geral Michaëlle Jean.
A queda acontece apenas 17 meses depois que os liberais foram eleitos com uma representação minoritária no congresso, gestão que foi marcada por escândalos de corrupção envolvendo agências de publicidade do Quebec e um desvio de até 250 milhões de dólares para os cofres do Partido Liberal. Como bem ditam as origens no sistema Westminister, a população canadense terá que ir às urnas no dia 23 de janeiro para escolher os seus novos representantes.
Mesmo com fortes indícios para derrubar o governo, foi só depois de uma aliança no começo desse mês entre o partido conservador, o NDP (New Democratic Party) e o Bloc Québécois que os parlamentares conseguiram forçar uma eleição no inverno. A data está preocupando muita gente que terá que enfrentar um frio de -40º para votar, perspectiva que reduzirá ainda mais os já baixos índices de comparecimento.
A previsão é que hajam poucas mudanças e que o novo pleito eleja novamente um governo liberal. Os conservadores oferecem um modelo cada vez mais parecido com os Estados Unidos, e o Blóc está nessa só para reforçar a sua posição no Québec. De toda forma, isso só mostra que, maracutaia por maracutaia, a população parece estar mais interessada é na temporada de hóquei.
No New York Times desse domingo saiu uma entrevista com o Jean Baudrillard, sempre fiel à sua teoria de que estamos vivendo num simulacro. Curtinha, mas boa pra uma risada ou duas.
Isn't that kind of simplistic reasoning why people get so tired of French intellectuals?There are no more French intellectuals. What you call French intellectuals have been destroyed by the media. They talk on television, they talk to the press and they are no longer talking among themselves.
Do you think there are intellectuals in America?
For us, there was Susan Sontag and Noam Chomsky. But that is French chauvinism. We count ourselves. We don't pay attention to what comes from outside. We accept only what we invented.
Were you a friend of Susan Sontag?
We saw each other from time to time, but the last time, it was terrible. She came to a conference in Toronto and blasted me for having denied that reality exists.
Buenas, depois de alguns dias de espera chegou minha câmera digital. Como bom brasileiro que sou, comprei online na B&H pra não ter que pagar taxas aqui no Canada. É uma Canon Powershot SD400 e até agora está sendo uma TETÉIA.
Na correria de final de semestre tive que ficar por casa hoje pra terminar um traballho sobre Gusdorf e sua filosofia da linguagem. Diversão garantida para uma segunda feira em que foi difícil distinguir a noite do dia. Amanhã se fizer algum sol saio pra rua atrás de imagens.
Obviamente isso não vai prestar.
update: aos poucos vou colocando as fotos lá no flickr.
Pergunta a garota em português com um belo sotaque italiano. Sempre é interessante aprender as coisas boas de uma língua antes de qualquer outra, explica. Alexis é de Alberta, região das pradarias do Canada, também conhecida como uma das províncias mais ricas do país depois que descobriram reservas de petróleo. Ou apenas é o trajeto entediante que leva às montanhas.
David é Nova Iorquino. Pergunto se ele veio fugindo de alguém, ou talvez das pessoas em geral. Todo mundo vem a Montreal para encontrar algo diferente. Ele sorri e diz que ambos, mas prefere ficar por casa pra terminar o seu livro. Upper East side.
Carole recém chegou de Paris mas pouco quer andar com os outros franceses que estão pela cidade. Diz que a comunidade é muito fechada, e que os anglophones são muito mais instigantes. Nos encontramos apenas uma que outra vez correndo pelo metrô mas mesmo assim fez questão que eu aparecesse por aqui.
I Mother Earth foi sucesso em 1997. One More Astronaut canto e danço com a garota de Alberta numa nostalgia dos nossos treze anos. Foi o ano do rock.
O ideal que todos buscam na cidade não existe per se. É criado a revelia por aqueles que vem atrás dele, maravilhoso mundo encantado do kitsch cool franco-canadense em inglês. Somos todos estrangeiros, estranhos entre os québécois e ao mesmo tempo estranhos entre o resto da América do Norte.
Enquanto a câmera que comprei ainda está no limbo da DHL, fiquem com algumas fotos que meu pai tirou durante esse último mês na Argentina e no Chile.
Vale a pena dar uma olhada em todo o photostream no flickr. Sim, notem o detalhe das coordenadas geográficas que acompanham algumas das imagens. 100% Sr.Valério.
A disponibilidade de acesso wi-fi por toda a cidade, e especialmente por todo o campus da universidade, da uma outra perspectiva pra camiseta "Estou Blogando Isso". Helvetica, branco no preto, grita pra todos os lados que estou aqui escrevendo a vida como ela é. Não, ainda não tenho uma camiseta dessas, mas o que segue nesse post carrega ao menos o espírito.
Cinco minutos atrás estava comendo um cheesecake e trocando a capa do insanus num café no centro de Montreal. Depois de uma rápida conversa com o Cardoso me deu vontade de fazer um live-blogging aleatório. Assim mesmo, cotidiano, de uma aula de política canadense. Pena que não tomei uma ceva antes.
Canadian Politics. Sexta-Feira noite. Três horas antes do horror.
18:14 - "Good evening". Prova final será em algumas semanas. Prova?? O que diabos é isso. Google já.
18:20 - O professor é um carequinha de óculos. Começa a falar sobre questões de acordos comerciais. Acordo entre Estados Unidos e Canada sobre exportação de madeira acabou faz pouco tempo e as taxas então prejudicando a terra do lenhador.
18:23 - Hmmm, ainda não descobri o que é prova. Alguém teve isso na FABICO? Chamem o Alex Primo.
Continue Lendo...1. Uma voz feminina e metálica anuncia que a linha laranja estará interrompida por tempo indeterminado. Os olhares e cochichos de "mais um" preenchem o vagão por segundos, o suficiente pra eu pausar a música e desviar o olhar. Em todos o alívio de estarmos longe e poder evitar demais delongas enquanto cortam a eletricidade e limpam os trilhos.
2. Nos fones Neighborhood #3 conta a tempestade de gelo de 98. Por uma semana no início de janeiro o Québec ficou sem eletricidade a uma temperatura externa de -40º, ponto em que tanto faz usar celcius ou fahrenheit. Muitos ficaram sem aquecimento; árvores e linhas de força quebraram com o peso do gelo e todas as pontes que ligam a ilha de Montreal foram fechadas.
3. O melhor lugar pra dançar ao som de Arcada Fire é o Green Room, oficialmente registrado como Le Salon Vert por causa da lei 101 de 1977 que obriga todos os estabelecimentos comerciais no Québec a usarem o Francês em placas e luminosos. Desça na estação St. Laurent e pegue o ônibus 55 rumo ao norte. A noite tem estado a agradáveis três graus negativos.
4. Ainda nessa semana devo me equipar com uma máquina digital pra esperar a primeira tempestade de neve do ano. Alguns flocos caíram na semana passada mas o chão ainda estava muito quente pra acumular.
5. Cuecão.