categoria:: cinema
The Brown Bunny

– Do you wanna go to California with me?
– I don't even know you...
– Please?
Please?
Will you please come with me?

Vincent Gallo não consegue escrever um diálogo que faça sentido no seu Brown Bunny. Passa o filme inteiro tentando construir um personagem transtornado pelas lembranças da jovem Daisy, mas tudo o que consegue é um filme vazio. Não lento, pois lento é bom. Vazio.

Por instantes parei e pensei que era uma produção fabicana, afinal todos os elementos estavam ali: as cenas fora de foco pra parecer cool; o sexo fácil; as drogas; o não-sentido generalizado. Mas principalmente o roteiro ruim - até mesmo aqueles que tentam ser indie caem por causa disso.

Gallo chega a ser canalha a ponto de colocar nomes de flor em todas as mulheres nas quais Bud, o protagonista, busca conforto. Violet, Rose, Lilly. Mas nunca Daisy, minha amada Daisy, ó Daisy, por que??!! Quase chorei.

Pra não dizer que está tudo perdido, a cena na Bonneville Speedway é realmente bonita. Nada melhor que um pouco de sal na cara pra curar qualquer mágoa de amor, deve ter pensado o produtor/diretor/escritor/ator principal/maquiador/ (a lista iria longe).

Parado no meio da planície branca, Bud estaciona seu furgão preto, baixa sua honda amarela, e começa a andar em direção ao horizonte. Se o filme tivesse terminado aí, eu teria respeitado. Mas não, ele teve que continuar até Los Angeles.

Já o boquete final incrivelmente se justifica. Praticamente um grito dizendo "ok, eu admito, é uma bosta", Vincent Gallo não gozou.