O título é uma homenagem ao Bituca, que certa feita contou ter sonhado uma sinfonia completa e ter esquecido de tudo tão logo amanheceu.
Lá pelas três da manhã acordei completamente transtornado. Não pelo calor infernal ou pela umidade que me deixou colado na parede, mas com a REVELAÇÃO que me foi transmitida em sonho. Em meio a coisas corriqueiras como viagens pelo estrangeiro e anões tocando cítara, fui agraciado com uma verdadeira sinfonia caótica.
O conjunto de sons era ao mesmo tempo a coisa mais grotesca e a coisa mais bela do universo. Tons se alternavam de maneira nada ritmica ou melodiosa, porém tudo parecia fazer o mais completo sentido. Levantei e pensei que definitivamente aquele era o segredo maior da existência.
Por instantes tudo ficou mais claro. Imaginei contruir uma grande máquina capaz de reproduzir com exatidão aquele mesclar de tons e sobreposições imprecisas; estruturas nada mais que naturais. Estava sedento, e ainda no lúgubre do sonho.
Acho que deve ter sido a luz fluorescente penetrando duramente a retina, pois mal cruzei a porta da cozinha e esqueci de absolutamente tudo. Todos os sons, a construção do aparelho, e a notação exata mas ao mesmo tempo inexistente, ficaram lá, naquele ínfimo instante entre o levantar pra saciar a sede e o cair novamente no sono, ao sonho.
Restou apenas a vontade de ter voltado, e a certeza de saber qualéqueé.