Eu já andava preocupado com o rápido avanço do projeto cadeira de rodas até os trinta, abraçado por vários colegas do mundo corporativo. Tendinite aguda aos vinte e quatro, aposentadoria prematura aos vinte e seis, rumo às rodinhas elétricas em pouquíssimo tempo.
Como não consigo suportar a idéia de frequentar uma academia, dessas de ginástica, com eixos rotativos, objetos que pesam mais que cinco quilos e pessoas saudáveis ouvindo Corona às sete da manhã, resolvi buscar outros meios pra matar a tão cultivada pança de cerveja.
Há mais de um mês eu já tinha me apropriado da bicicleta do meu pai, obviamente deixada ao lado da escrivaninha pra pegar pó. Pois ontem resolvi encará-la de vez e sair pra fazer o tal Caminho dos Parques. Ta certo que eu não fui muito além da sorveteria Jóia, mas não é isso que interessa, pois fiquei deveras impressionado com o mundo das pessoas que se EXERCITAM.
Mal andei duas quadras na Goethe e já fui recebido com sorrisos por duas garotas que corriam na minha direção. Blusa encharcada de suor, garrafa de água na mão e um radinho amarelo preso ao braço direito. Pouco adiante, ao fazer a curva da Vasco da Gama, troquei ligeiras palavras com um senhor que conduzia sua bicicleta a passos largos. Queria saber do jogo do Inter, e onde comer algo natural naqueles arredores. Passaram minutos e eu já estava defendendo a causa, acompanhando pai mãe e filho que xingavam o motorista de uma toyota. Havia invadido a faixa reservada aos ciclistas.
Hoje cedo pedalei meu novo meio de transporte até a Fabico, e assim que eu estudar ROTAS e locais para estacionar o veículo, farei o mesmo em minhas jornadas diárias ao centro. Só me resta calibrar os pneus e colocar baterias no farol que estará tudo feito.