Desembarque no aeroporto, um leve bronzeado que as origens italianas não manterão por mais de dois dias, uma garrafa de cachaça, dendê e algumas cocadas. Assim chegou meu pai hoje, após uma certa folga em Salvador. Certa porque era congresso da Andes, à beira mar, hotel chique e vista pra Baía de Todos os Santos - - e depois criam caso sobre as viagens... digo congressos estudantis estrategicamente localizados. Enfim, apresentações bestas.
Trazia relatos de noites insones, algumas na tragolância, outras em plenárias absurdas que adentravam a madrugada. Como era de se esperar, 'defender o socialismo e a luta de classes' eram motes brandidos por velhos professores nunca preocupados com sua ciência e ainda presos em virgens sonhos de uma adolescência masturbatória. 'Me senti nos antigos congressos da UNE', dizia ao constatar a imutabilidade daquelas questões de ordem.
Lembro do último congresso da ENECOS à que compareci - béagá e muito doce de leite com Boazinha -, e me assusto com as semelhantes situações de estúpida burocracia e inúteis discussões com pessoas que NUNCA sairão de lá. É como se a qualquer momento pudéssemos abrir uma porta e imergir em um pesadelo kafkiano. Talvez nem porta exista.
Eis que até consigo me divertir com momentos assim. Só pra logo depois sair correndo antes que eu também seja sugado para dentro de uma constante e intransponível viagem de ácido (como a que fez John Lennon brigar com a banda e casar com a Yoko).
Realmente pessoas param no tempo - ou simplesmente pairam.