Prateleiras

vectorfields.jpgSeguindo a linha de "tópicos que eu deveria desenvolver caso fosse um blogueiro" (Savoldi, 2005), resolvo falar de algumas das minhas aquisições literárias que chegaram nessa semana. Na porta de casa, pois ultimamente tenho sido assíduo nas compras pela Amazon. Claro que não tem aquele fetiche de sair com uma pilha de livros novos debaixo do braço, mas de uns tempos pra cá o preço e a facilidade na entrega têm me levado a cometer tal heresia.

How We Became Posthuman: Virtual Bodies in Cybernetics, Literature, and Informatics (*), da Katherine Hayles, e Code: The Hidden Language of Computer Hardware and Software (*), do Charles Petzold, entram na prateleira pra contemplar um latente espírito übergeek.

Tive um rápido contato com o primeiro ao cursar a cadeira de cibercultura do Rüdiger. Disposto a fazer uma análise das noções de pós-humanismo presentes no anime Ghost in The Shell, encontrei na Katherine Hayles um bom contraponto à delírios cibernéticos como os de Hans Moravec.

No livro Mind Children: The Future of Robot and Human Intelligence, Moravec vislumbra um futuro em que possamos transferir nossas mentes para dentro da máquina e abandonar o corpo. "The rest is mere jelly", afirma.

Começando por Wiener, passando pela autopoiesis, e terminando nos estudos de vida artificial (a-life), Hayles usa preceitos de emergência para justificar uma mente corpórea (Varela), indissociável em informação e máquina.

Já o segundo surgiu por acaso enquanto eu vagava entre alguns livros ensinando a construir uma réplica de Apple I e outros explicando protocolos de rede. Em Code, Petzold vai fundo no hardware e disseca o funcionamento da MÁQUINA. Circuitos integrados, logic gates, processadores, assembly... Tenho muito medo, mas lerei com carinho. Ainda bem que a Vane aguenta esse meu lado geek, senão eu já seria chutado longe com um post desses.

Claro, isso tudo só depois que eu terminar o Moby Dick. Devorado à beira mar no feriado de Páscoa, mas deixado meio de lado na correria da semana. Como bem comentou o Delfim no post sobre chás do Bruno, aqui minhas influências também são do Jean-Luc Picard.

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A imagem é de Dan Yuan, um dos vencedores de um concurso Weird Fields, promovido pelo MIT, em que representações computadorizadas de campos vetoriais são geradas a partir de expressões matemáticas.