Texto que eu deveria ter publicado aqui na semana passada, mas que vai com atraso mesmo só pra deixar registrado.
O mesmo escritor esquizofrênico, a mesma Nova Iorque, o mesmo Jazz, as mesmas angústias. Todos já sabem como vai ser o próximo filme do Woody Allen, afinal o diretor é movido exclusivamente por cópias de si mesmo. Não por estilo, nem por falta de criatividade, mas simplesmente porque ele opera a Incrível Máquina de Fazer Woody Allens.
Woody Allen, em recente entrevista concedida ao jornalista Osmar Freitas Jr., da revista Isto É, falou sobre seu novo filme, seleção de atores, processo criativo e a sua saída da DreamWorks. Woody Allen, em recente entrevista concedida ao jornalista Daniel Robert Epstein, do site Suicide Girls, falou sobre seu novo filme, seleção de atores, processo criativo e a sua saída da DreamWorks. O mesmo Woody Allen, em entrevista concedida ao jornalista Devin Farachi, e também a Edward Douglas, Wilson Morales e Cole Smithey, falou sobre seu novo filme, seleção de atores, processo criativo e a sua saída da DreamWorks.
Não bastassem os temas, usou as mesmas frases, na mesma ordem, e conduziu o repórter a fazer exatamente as mesmas perguntas. O diretor, de posse da sua Incrível Máquina, conseguiu fabricar seis entrevistas praticamente idênticas, publicadas em seis veículos diferentes, assinadas por seis jornalistas distintos.
Ninguém deve se espantar com isso, Woody Allen é desse jeito mesmo, ou assim tentam convencer aos desavisados aqueles que portaram seus nomes por extenso. Nem pensem em questionar esses jornalistas ou a maneira com que cada um conseguiu a sua "exclusiva"; a Máquina estava ali do lado, rodando a todo o vapor.
É em momento lúcido que os blogs brasileiros saem da sua adolescência e tentam raspar os últimos resquícios de ética em meio às engrenagens. A repercussão das entrevistas idênticas mostrou um forte potencial desses veículos, que deixam de ser diário e passam a fiscalizar e a ser, eles próprios, mídia.