eu subi, no alto da montanha
pra ver a planície, os homens pequeninos
a aldeia de longe, longe, longe, longe, longe
Depois de uma semana ouvindo hip-hop de mina, tomando cerveja adoidado e tentando sentir um pouco menos dessa lonjura que nos aflije, rumei a Lavras do Sul com meu casaco de inverno e algumas garrafas de uisque debaixo do banco. Feriado que serviu pra curar princípios de tendinite e agravar o ermo da solidão. Malditas coxilhas.
Cravada logo ali depois do Vale do Seival em algum lugar entre rios, encontramos um reduto que já atraiu muitos por causa do garimpo, mas que hoje simplesmente paira no tempo com seus poucos milhares de viventes. O único sinal de modernidade é ostentado nas grandes 4x4 tatuadas com cavalos crioulos e alto falantes que soam os mais novos sucessos da cidade - isso para os poucos que lucraram com a safra, obviamente.
Cai a noite e a lua sorri por cima da casa de campanha, junto com TODAS as estrelas possíveis de serem vistas no MUNDO. Acendemos a lareira, puxamos a viola, e o gaiteiro se põe a tocar modas de outros tempos. Outros tempos no sentido de que "navegar é preciso, viver não é preciso" não é necessário, capisce? Para tal são requeridas doses colossais de carne de ovelha e álcool, além de estar sentado bem ali, no meio do nada absoluto. Somente quem tiver caos dentro de si poderá dar luz à grande estrela bailarina, já cantou Mautner subvertendo Nietzsche.
A solução pra vida naquele momento parecia andar pelo meio da noite de lente em punho, tentando captar essas cousas que são realmente intransmissíveis. É como querer contar pra outrem a sensação de tocar os seios de uma menina pela primeira vez, ou tentar ludibriar em versos uma bela viagem de ácido. Mais imagens ali no fotolog, assim que eu chegar em casa.