categoria:: redes sociais
Colaboração e construção coletiva na internet

O caderno Mais! da Folha de São Paulo desse domingo traz um interessante apanhado de artigos sobre as possibilidades de colaboração e construção coletiva através da internet. O antropólogo Hermano Vianna trata do software livre como opção democratizante, Ronaldo Lemos fala da construção coletiva através do copyleft, e Felipe Fonseca apresenta um panorama geral sobre a ampliação de redes sociais através de novos meios tecnológicos como o Orkut. Apesar de serem 'superficiais e introdutórios', como fala [Raquel Recuero], sempre temos que parabenizar a folha por apresentar uma perspectiva mais ampla diante dessas novas conceitualizações, abordando tanto o campo tecnológico quanto o jurídico e social. Diga-se de passagem ao contrário do que fez nossa local Zero Hora, que em matéria no mesmo domingo sobre o sistema de fotologs deixaria qualquer um com vergonha de dizer que utiliza a ferramenta.

Especificamente sobre o texto do Ronaldo Lemos, vejo problemas quando este diz que "(o copyleft) não representa um rompimento com a lógica capitalista, mas sim uma evolução (ou revolução) feita dentro de seu próprio sistema". Pois no momento em que abro mão dos meus direitos autorais, das minhas possibilidades de lucro direto sobre o produto, estou sim subvertendo essa lógica. Pelo caminho do copyleft não estou distribuindo uma produção intelectual gratuitamente (e permitindo sua livre reprodução e modificação) com o intuito de alavancar as vendas do produto original, mas sim para propor uma nova concepção da criação em si. É a construção coletiva que vislumbramos. Quando Lemos cita o exemplo do escritor americano que vendeu 10 mil cópias depois de colocá-lo livremente para download, isso não representa copyleft, mas sim 'amostra grátis'. E se for então tratado como copyleft, será pois uma subversão da lógica do mesmo.


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