A melhor dica que alguém poderia dar sobre Buenos Aires é "perca-se por suas ruas". Afinal a cidade portenha tem sustância, como diriam nossas avós, para justificar os narizes empinados e ímpetos de superioridade argentina. A cada esquina um prédio com ares da Art Nouveau, cafés dignos de qualquer bairro parisiense e ao lado, indefectível, uma livraria vendendo qualquer coisa menos edições de auto-ajuda.
Diferente da figura do argentino fanfarrão e torcedor do Boca, a população de Buenos Aires parece respirar ares cosmopolitas que logo lembram metrópoles como Zurich ou Montreal. Ao menos entre essa pequena elite que circunda os bairros visados e principais destinos turísticos da capital.
A partir do Rio da Prata até uns dois quilômetros acima tudo parece estar sob o domínio do mercado financeiro ou de emprendimentos turísticos. Longe de qualquer sinal de recessão, os 15% de crecimento anual passam a mostrar suas caras entre casas de vinho, gelaterias e lojas da Puma. Pelo centro, uns quantos circulam com seus iPods, sejam rosas pregado à bolsa, ou simplesmente levados na mão durante caminhadas corriqueiras. Não custam muito menos que os valores astronômicos cobrados aqui no Brasil, mas não importa, é uma questão de espírito.
Pausa para tomar um expresso e comer dois alfajores e logo o caminho fica por conta dos museus, indicando uma cidade que já foi nada mais que podre de rica. Entre Rembrandts, Monets, Degas e até um solitário Pollock, o Museo de Bellas Artes ostenta uma coleção que poderia muito bem ser chamada de compêndio da pintura DO MUNDO. Algumas quadras adiante, o Museo de Arte Latino Americana, MALBA, mostra pinturas de Tarsila do Amaral, Frida Khalo e Di Cavalcanti, além de obras contemporâneas que dariam de relho em qualquer Bienal do Mercosul.
A cidade respira arte. Toca tango em cada esquina, seja reduto turístico, seja no radinho de pilha do senhor sentado à porta de casa. Cativa pelo olhar e pelos sabores diversos qualquer um que se aventure por suas calles floridas.